Estrelas Além do Tempo

Quando a maior qualidade de um filme é “não ofender ninguém”, as chances de uma obra como esta ser um produto descartável são grandes. Mas, por alguma curiosa razão, Estrelas Além do Tempo guarda méritos em sua história cheia de shiny ‘brave’ people. No meio de uma produção massiva de filmes de temática negra sérios que saíram em busca de um público mais abrangente, como Moonlight, O Nascimento de uma Nação, Loving e Um Limite Entre Nós, o filme de Theodore Melfi parece o mais raso, mas é um dos, senão “o” mais eficiente.

O maior trunfo do roteiro de Estrelas Além do Tempo é justamente mirar numa plateia mais ampla. Não é à tôa que o filme é o mais bem sucedido nas bilheterias entre os indicados ao Oscar. Melfi fez um longa disposto a conversar com qualquer tipo de público. Pode até ser arrumadinho demais, coordenando talvez excessivamente as conquistas de suas protagonistas, mas tem dois grandes feitos, além, claro de celebrar estas personagens.

O primeiro é adotar um tom solar, sem trocadilhos com a Nasa ou a conquista do espaço, coisa difícil em se tratando de um filme onde a questão “cor de pele x preconceito” está no centro das discussões. Segundo, quase nunca construir suas narrativas no modelo maniqueísta de vitimizar suas protagonistas, armadilha em que geralmente muitos filmes de temática semelhante caem. As personagens não reagem. Elas agem. Pode parecer pouco, mas num padrão de filme como este, é uma baita conquista.

Adotando estas táticas, o filme talvez perca um pouco de sua profundidade, mas ganha em seu alcance. Estrelas Além do Tempo convida o espectador a torcer Katharine, Mary e Dorothy sem manipulá-lo emocionalmente. Ficar do lado das personagens se torna algo natural para quem assiste ao filme, cujo roteiro é construído em cima de suas conquistas e não de seus percalços. A identificação é imediata e o tom leve, às vezes engraçadinho, atrai um público para o qual uma história de superação narrada com simpatia conta muito.

E com Janelle Monaë, Octavia Spencer e Taraji P. Henson à frente do trio, o bloco destas estrelas passa fácil por qualquer lugar.

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[Hidden Figures, Theodore Melfi, 2016]

Comentários

comentários

Um pensamento sobre “Estrelas Além do Tempo”

  1. Não acho que exista cinema “eficiente”. Isso, no meu modo de ver, é um pouco deixar de lado o cinema e a arte para outras questões. É uma posição pessoal mesmo, não vejo o cinema como “meio”, apesar de poder ser algumas vezes. Bom texto. Abs!

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