Dois fantasmas cansados de sua condição de fantasmas resolvem voltar à vida mais uma vez e seguem o Caminho de Santiago para encontrar um portal para o mundo dos vivos. Com essa sinopse, o diretor Sergio Caballero já anuncia que seu longa “reflexivo” vai ter um toque de humor. Finisterrae é uma homenagem-piada a filmes existencialistas, sendo Philippe Garrel seu alvo principal. O cineasta batiza o oráculo que encaminha os protagonistas para sua jornada.
Jornada que ganha elementos surreais, anárquicos e até bufos (que remetem a um humor próximo ao dos Trapalhões): há animais falantes, personagens malucos e citações a contos de fadas. O maior mérito do filme é ter culhões para entrar nesta seara e esculhambar tudo sem pudores. O problema é que a piada não se sustenta pelos 80 minutos do longa. No meio desse paradoxo, algumas cenas engraçadas e uma seqüência belíssima, a da rena procurando uma saída do palacete. Talvez ela represente Caballero, tentando encontrar uma direção para sua brincadeira.
Finisterrae
[Finisterrae, Sergio Caballero, 2010]