Curiosamente, Flores Partidas tem um ponto de partida muito próximo ao do novo filme de outro diretor, Wim Wenders, o belo (e injustamente massacrado por alguns) Estrela Solitária. A busca por um filho desconhecido toma, em cada filme, rumos diferentes, mas cheios de semelhanças. Nos dois filmes, importa menos o encontro com o filho e mais o terremoto que isso provoca no protagonista, o quanto ele passa a questionar sua relevância. Nesse aspecto, Jarmusch é mais feliz do que Wenders porque, se Sam Shepard tenta transitar entre o sóbrio e o clown, Bill Murray não apenas faz isso, mas mora nesse intervalo.
A redescoberta de Murray no fim dos anos 90 foi uma das mais belas do cinema recente. É um ator circular, raramente sai da forma que vemos em seus últimos filmes, mas sempre consegue delicadeza. Aqui, repete trejeitos e fórmulas, amplificando sua releitura de Chaplin, mas concede tanta graciosidade a sua personagem que é impossível não se apaixonar por Don Johnston. As piadinhas que enfeitam toda a narrativa só são possíveis porque é ele que está em cena. E só existem em função dele. Murray é a tradução perfeita do que pretende Jarmusch. É o palhaço que se revela melancólico. Aquele que implode para não perder o sorriso. E que, quando tenta explodir, numa das cenas mais lindas e tristes do ano, dá de cara com o fato de que o mundo nem sempre permite ser amado.
Flores Partidas
Broken Flowers, Estados Unidos/França, 2005.
Direção e Roteiro: Jim Jarmusch.
Chico, tô melhorando, finalmente.
Tô achando seus últimos textos muito bons, inspirados, um grande prazer poder ler.
Andei afastado de tudo… fui substituído no teatro, locadora só por telefone ou sábado, cinema nem pensar… daí essa semana tô retornando.
Não votei nas escolhas do mês e do Festival da Liga porque realemnte perdi o prazo. Mas a lista dos anos 90 vai essa semana.
Abraço pra ti.
credo,chico! como assim nota minima? closer é ruim só na sua televisão. ou melhor, na sua sala de projeção! cara, os dialogos acidos e toda aquele bate-pronto foi oq mais conquistou-me e foi tb oq vc mais odiou!rs….bem, eu vi o anti-heroi americano tb! achei uma merda. acho q eu deveria estar rico pois sou melhor fazendo oq ele faz…..mas agora eu ja to entrando no lado pessoal…rs . nao posso discutir o cara em si, tenho q falar do filme…. deixa eu ir lá ver oq vc achou dele. (deve ter amado….rs)
q pecado,chico! fui closer somente nesta semana! q vergonha… como alguem pode passar tanto tempo sem essa experiencia? calma aí…vou lá ver oq vc falou…a gente geralmente descorda,rs.
Perverso! Isso é o que dá traduzir Hellblazer pro Brasil.
O filme é lindo, um dos melhores do ano – tá certo que eu sou meio fã do Jarmusch (o que é interessante, já que tá todo mundo indo ver o filme por causa do Murray), então fica um pouco suspeito. A sequencia final é explosiva, linda mesmo. E eu gostei de Don’t come knocking, mas a tradução, me desculpa, é horrorosa. até.
Ah, esqueci de dizer: sou fã de Bill Murray e por isso não acho que o fato de o filme estar (ou não)apoiado no seu personagem diminua a qualidade do filme. Fiquei com vontade de ver, quando será que ele chega por essas bandas (SSA)?
Poxa Chico, foi bom ouvir vc falar de “Simplesmente Amor” pois todo mundo me indica esse filme mas tenho medo dos clichês e de ser muito”bobinho”, gosto de filmes mais cabeças…
Mas, com o seu aval (principalmente um dos poucos críticos que gostaram de Gangues de Nova York)eu assistirei em DVD.
Parabéns pelo trabalho, entro no seu blog quase todos os dias mas raramente escrevo.
Vc assistiu “Vinicius” ? O cara realmente dominou a arte de viver, devemso nos espelhar nele pra vivermos com mais intensidade e menos ansiedade.
Um grande abraço!
Marcos Chaves
Olha a nerdona dando assessoria! ?:op
Que revolta, rapaz! Eu quase dei 4 estrelas, mas achei que 3 seriam mais adequadas com o que eu guardei do filme.
É mesmo, Marcelo. Curtis fez um filme lindão, completamente entregue. Eu adoro o filme.
O filme, em inglês, se chama “Don’t Come Knocking”, mas eu acho que o título brasileiro é interessante.