O primeiro beck a gente nunca esquece. Brenda Blethyn que o diga. No memorável O Barato de Grace, a primeira experiência de sua personagem com a maconha se transformou numa das cenas mais genuinamente engraçadas dos últimos anos. Culpa do diretor Nigel Cole, que escreveu e dirigiu o longa com eficiência e simplicidade. Cole, por sinal, parece que adora investigar as vidas privadas dos moradores do interior da Inglaterra. Ainda mais se estes personagens são senhoras se encaminhando para a terceira idade. Garotas do Calendário, rodado no condado de Yorkshire, ao contrário do filme de estréia do diretor conta uma história real: a ousada iniciativa de um grupo de cinqüentonas em posar seminuas para um calendário na tentativa de arrecadar dinheiro para um hospital.
Como de praxe, Cole conta a trama com aquele misto de pureza e sarcasmo que criou um gênero de filmes, o Inglaterra rural. Escala as ótimas Julie Walters e Helen Mirren para comandar o elenco, o que garante belas risadas e boas interpretações. Cole, no entanto, não consegue evitar a passada fórmula do encantamento pelo sucesso, e, mesmo com boa munição, garante um bom bocado de lugares comuns. Mas Garotas do Calendário tem tanto carisma que a sensação de coisa antiga não chega a incomodar tanto quanto a presença daquele antipático apresentador de talk show. E o filme consegue um bom lugar entre o perfeito A Fortuna de Ned e o insosso Túmulo com Vista.
Garotas do Calendário
[Calendar Girls, Nigel Cole, 2003]