Guerra Mundial Z, o livro de Max Brooks, não tem muito a ver com Guerra Mundial Z, o filme de Marc Forster. Enquanto mostra o trabalho de um jornalista, reunindo depoimentos de sobreviventes de um apocalipse zumbi ocorrido dez anos antes, o outro narra a ascenção dos mortos-vivos e os esforços de um homem para conter a praga que assola o mundo. Resumindo, Guerra Mundial Z, o filme, se apropria da premissa do livro para criar uma história “original”, deixando de lado muitas das ideias de Brooks para criar novas soluções. Tinha tudo para dar errado, mas impressionantemente não deu.
Se o longa de Marc Forster abre mão da narrativa fragmentada, sem protagonismos, que dá vozes a diversos personagens – um dos maiores diferenciais do material criado por Brooks -, o filme consegue se acertar numa história com começo, meio e fim, evitando as armadilhas de se criar um herói para uma história que foi escrita sem eles. Brad Pitt, que parece bem empolgado com o papel, encarna um pai de família que tem que abrir mão da mulher e dos filhos para retomar seu trabalho como agente da ONU e encontrar uma cura para a infestação. Embora o currículo de Forster apontasse para duas vertentes perigosas, a pieguice e a inverossimilhança, o filme sai ileso em ambos os casos.
O sentimentalismo aparece, mas de maneira bastante econômica e o cineasta ainda consegue direcionar boa parte do centro dramático do filme para a relação entre o personagem de Pitt e o da soldado israelense que o acompanha. O muro de Jerusalém, por sinal, é uma das poucas “grandes ideias” do livro que o filme reproduz. Até a localização do paciente zero, originalmente numa vila da China, foi mudada para algum lugar da Índia. Mesmo com tantas alterações, o roteiro encontra novas soluções e elas funcionam muito bem, sobretudo no ato final, que foi completamente reescrito e refilmado, catapultando os custos do longa, mas salvando o filme de uma baboseira burocrática e pouco empolgante.
Visualmente, o filme também encontrou saídas interessantes, que uniram o útil ao agradável. Como não há violência extrema (porque a classificação etária precisava ser reduzida para que o filme atingisse um público mais amplo que pagasse as contas), os ataques dos zumbis são mostrados muito rapidamente, evitando detalhes, mas criando uma plástica que deu uma cara a Guerra Mundial Z. Os mortos-vivos do longa são herdeiros diretos dos criados por Danny Boyle para seu Extermínio, ágeis e violentos, mas aqui eles são levados a cabo. Famintos, os zumbis não apenas correm, mas se jogam sobre suas vítimas, pulam e escalam prédios tomados pela fúria da fome. Os mortos-vivos, quem diria?, deram um sopro de vida no cinema de Marc Forster.
Guerra Mundial Z
[World War Z, Marc Forster, 2013]
Achei o filme divertido, mas de certa forma decepcionante. Estou no meio do livro e as diferenças entre os dois acabaram afetando minha experiência no cinema. Podiam ter chamado o filme de Invasão Z, Ataque Z ou qualquer coisa Z, mas existem tantos detalhes legais no livro que ficaram esquecidos ou alterados que não consegui deixar pra lá.
Outra coisa terrível foi que também comparei este filme com Extermínio, que émuito melhor. por fim me incomodei com um tom meio cômico nos encontros entre o personagem de Pitt e os zumbis no terceiro ato. O cinema todo estava gargalhando.
Sério? Eu não achei nada engraçado.
SPOILERS…
Sério. Em duas cenas que supostamente deveriam ser tensas o cinema todo caiu na gargalhada. Foi quando fizeram uma longa cena mostrando uma cientista da OMS com os olhos esbugalhados e quando Pitt ficou cara a cara com um zumbi após ter se infectado