Viola Davis, Octavia Spencer, Jessica Chastain, Emma Stone

Do que se faz um bom filme? Se a resposta passar por tocar num tema importante, como os conflitos raciais nos anos 50 nos Estados Unidos, Histórias Cruzadas está qualificado. Se, além disso, o critério for mostrar um posicionamento sobre a questão e fazer chorar, a qualificação é dupla. Se ainda contar um elenco grande em número e em estrelas, não há como deixar este filme de fora de tal classificação. Mas, embora se utilize de todos estes elementos que conversam diretamente com o público, que naturalmente quer justiça quando vê situações de humilhação, o longa assinado pelo desconhecido Tate Taylor não sai do superficial.

O diretor, que está em seu segundo trabalho, não acrescenta nada à discussão. Pelo contrário, reduz seus personagens a estereótipos lineares. Uma simplificação que não explora o bom elenco. Viola Davis, celebradíssima embora não seu personagem nunca aconteça, é a “guerreira silenciosa”. Octavia Spencer reprisa Oprah Winfrey em A Cor Púrpura, tanto no quê cômico quanto na “rebeldia indomável”. A vilã Bryce Dallas Howard parece saída de um cartoon, enquanto a mocinha Emma Stone parece não funcionar fora de uma comédia.

A estratégia do roteiro é provocar a identificação pela emoção imediata, sem se preocupar em dar camadas à trama. Faltam nuances. Falta cor num filme tão colorido. A sensação é de um cinema pasteurizado, que escrito e dirigido com burocracia. Mesmo com todos os lugares comuns, o personagem mais complexo ainda é o da excelente Jessica Chastain, a única das atrizes que oferece algum contraste num filme cujo maior pecado é ser tão ou mais velho quanto o preconceito que tenta denunciar.

Histórias Cruzadas Estrelinha
[The Help, Tate Taylor, 2011]

 

Comentários

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6 comentários sobre “Histórias Cruzadas”

  1. Elinaldo, meu padrinho no cinema! Sem você esse blogue não existiria!

    Ainda não vi o “2 Coelhos”, mas acho que pra ele chegar no Tarantino vai ter que comer muito feijão com arroz.

  2. Velho Chico, fico feliz por saber que você continua um apaixonado pelo cinema. Concordo com muitos filmes que você selecionou em 2011. Adoro Meia noite em Paris, A Árvore da Vida, e estou aguardando ver os indicados ao Oscar. você sabe como é Maceió, mas, vi Millenium, Os Descendentes, e Histórias Cruzadas (via DVD dublado, o que não conta). Mesmo assim, fico contente com sua determinação e mando daqui um grande abraço.

    Elinaldo Barros

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