Chris Pine, Denzel Washington, Rosario Dawson

Tony Scott é um diretor de cinemão e, como bom representante da indústria, se reveza entre altos e baixos. Às vezes, dentro no mesmo filme. Seus longas são essencialmente masculinos: têm policiais e espiões, metrôs e submarinos. Se existe um projeto em seu cinema é o de celebrar a ação, mesmo que a necessidade de radicalizar a experiência física do espectador ultrapasse outras preocupações. Traduzindo: Scott quer mesmo é se divertir.

Incontrolável, seu filme mais recente, é uma reciclagem de estereótipos, uma variação de trabalhos anteriores seus, um caso clássico de homem contra fera. Com a fera sendo um trem descontrolado que cruza o leste dos Estados Unidos. Denzel Washington e Chris Pine são heróis imperfeitos que tomam para si a missão em prol de um bem maior, deixando de lado a arrogância e a amargura do primeiro e a insegurança e inexperiência do segundo. É a velha fórmula dos opostos que precisam aprender a conviver um com o outro.

Mas, como na isso importa para Scott, nem adianta se estender. O diretor mira – e aí acerta – na composição da ação. A combinação de fotografia, montagem e música, somado a um pesado trabalho de som, funciona exemplarmente para nos fazer acreditar na ameaça do trem desgovernado. O talento para provocar emoções rasas vence a construção burocrática dos personagens e os lugares comuns da estrutura. Vale muito mais é deixar a brincadeira tomar conta.

Incontrolável EstrelinhaEstrelinhaEstrelinha
[Unstoppable, Tony Scott, 2010]

Comentários

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6 comentários sobre “Incontrolável”

  1. João, eu adoro “Déja Vu”. É um filme delicioso e inteligente em assumir seu devaneio.

    Caio, Alexandre, entendo vocês, mas eu me diverti.

  2. Eu, sinceramente, odiei este filme. Me lembrou aqueles filmes que passam na Tela Quente ( como já dito no post, típico “cinemão”), mas isso nem me incomodou tanto quanto o clichê: a relação com as filhas, o velho x novo, enfim, tudo me pareceu tão clichê que desejei que o trem explodisse logo para acabar com aquilo.

  3. Tenho alguma dificuldade em não gostar de alguns filmes do Tony Scott. Sei que não devo e tal, mas por exemplo gostei muito do “Déjà Vu” (também gosto de tudo que tenha viagens no tempo). De resto, prefiro o Tony ao irmão mais velho.

  4. Olha, eu tentei deixar a brincadeira tomar conta, mas não deu. É raso demais, em todos os sentidos.

    Parece ser prole daqueles filmes da Sessão da Tarde, tipo “O Carro Desgovernado” e por aí vai.

    No entanto, a sua análise está ótima. Realmente, o cinema de Scott celebra a ação. Mas ele já foi mais feliz em outras celebrações.

    Abração!

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