Tony Scott é um diretor de cinemão e, como bom representante da indústria, se reveza entre altos e baixos. Às vezes, dentro no mesmo filme. Seus longas são essencialmente masculinos: têm policiais e espiões, metrôs e submarinos. Se existe um projeto em seu cinema é o de celebrar a ação, mesmo que a necessidade de radicalizar a experiência física do espectador ultrapasse outras preocupações. Traduzindo: Scott quer mesmo é se divertir.
Incontrolável, seu filme mais recente, é uma reciclagem de estereótipos, uma variação de trabalhos anteriores seus, um caso clássico de homem contra fera. Com a fera sendo um trem descontrolado que cruza o leste dos Estados Unidos. Denzel Washington e Chris Pine são heróis imperfeitos que tomam para si a missão em prol de um bem maior, deixando de lado a arrogância e a amargura do primeiro e a insegurança e inexperiência do segundo. É a velha fórmula dos opostos que precisam aprender a conviver um com o outro.
Mas, como na isso importa para Scott, nem adianta se estender. O diretor mira – e aí acerta – na composição da ação. A combinação de fotografia, montagem e música, somado a um pesado trabalho de som, funciona exemplarmente para nos fazer acreditar na ameaça do trem desgovernado. O talento para provocar emoções rasas vence a construção burocrática dos personagens e os lugares comuns da estrutura. Vale muito mais é deixar a brincadeira tomar conta.
Incontrolável
[Unstoppable, Tony Scott, 2010]
Vi agora que tu adora “Déjà Vu”…
Chico, gostas de “Déjà Vu”?
João, eu adoro “Déja Vu”. É um filme delicioso e inteligente em assumir seu devaneio.
Caio, Alexandre, entendo vocês, mas eu me diverti.
Eu, sinceramente, odiei este filme. Me lembrou aqueles filmes que passam na Tela Quente ( como já dito no post, típico “cinemão”), mas isso nem me incomodou tanto quanto o clichê: a relação com as filhas, o velho x novo, enfim, tudo me pareceu tão clichê que desejei que o trem explodisse logo para acabar com aquilo.
Tenho alguma dificuldade em não gostar de alguns filmes do Tony Scott. Sei que não devo e tal, mas por exemplo gostei muito do “Déjà Vu” (também gosto de tudo que tenha viagens no tempo). De resto, prefiro o Tony ao irmão mais velho.
Olha, eu tentei deixar a brincadeira tomar conta, mas não deu. É raso demais, em todos os sentidos.
Parece ser prole daqueles filmes da Sessão da Tarde, tipo “O Carro Desgovernado” e por aí vai.
No entanto, a sua análise está ótima. Realmente, o cinema de Scott celebra a ação. Mas ele já foi mais feliz em outras celebrações.
Abração!