Eu andava meio desconfiado dessa idéia de Eduardo Coutinho de misturar depoimentos reais e encenados em Jogo de Cena, mas o cineasta me venceu fácil. Além da nada nova habilidade de entrevistador, que se aprimora a cada filme, retirando histórias de pequenas tragédias com facilidade, Coutinho estabeleceu um paralelo impressionante entre as mulheres de verdade e as atrizes de verdade. Quando Andréa Beltrão não segura as lágrimas ao ‘interpretar’ uma mulher que não chora, foi impossível me conter. Mas, além da comparação, há a investigação. As atrizes são entrevistadas em seguida sobre o processo de ‘tradução’ das personagens. E quando você acha que não poderia haver mais, um golpe final: uma história triste se transforma em interpretação e uma personagem real surge para provar que as aparências enganam mesmo.
Jogo de Cena
[Jogo de Cena, Eduardo Coutinho, 2007]