Fazer “John Carter” deve ter sido um desafio. Como criar um blockbuster de ficção-científica a partir de um livro escrito 100 anos atrás? Andrew Stanton, diretor de Wall-E, em sua estreia em filmes live action, soube equilibrar o respeito à ousadia hoje ingênua dos livros de Edward Rice Burroughs com um acabamento não apenas visual, mas narrativo mesmo. O longa é super elaborado em seus conceitos de ciência, mas guarda diálogos de romance que parecem propositadamente datados.
John Carter costura durante suas duas horas esta homenagem a Burroughs à necessidade de fazer um filme palatável para a geração atual. Se o visual arriscado é assumidamente retrô, a ideia de incluir o próprio escritor na trama do filme é bem moderna. Stanton, sem negar a ingenuidade da obra que está criando, moderniza uma aventura clássica, cujos atrativos podem ainda parecer rústicos, mas que capturam o espectador com sua agilidade e um carisma inerente. Impossível resistir a Woola, o cão marciano mais incrível do universo.
John Carter
[John Carter, Andrew Stanton, 2012]