Depois de um trabalho tão simples e bem resolvido como Clube de Compras Dallas, o novo filme de Jean-Marc Vallée, Livre, que ainda tem a assinatura de Nick Hornby no roteiro, parece um pouco decepcionante. Anódino talvez a palavra mais correta. Seguindo a linha das “viagens transformadoras” pelo interior dos Estados Unidos, o longa traz a história real de Cheryl Strayed, uma mulher que sai para uma trilha de milhares de quilômetros em busca da cura “para as feridas de uma vida de sofrimento”. Um dos grandes problemas do filme é exatamente que nem Vallée, Hornby ou Reese Witherspoon conseguem dar a dimensão das tragédias na vida da protagonista. A sensação é que ela sofre por ter tido uma história comum a muita gente ou mais fácil do que tantas outras por aí. Seu desespero nunca consegue ser propriamente justificado e a solução encontrada para remontar sua vida, um uso excessivo de flashbacks didáticos e de “fantasminhas” (que deveriam garantir a espiritualidade da jornada) incomoda. Mesmo os medianos Na Natureza Selvagem, que pelo menos tem uma filosofia, e o problemático 127 Horas, que pelo menos tem um protagonista mais inspirado, exploram melhor essa relação de encontro com a natureza como uma experiência verdadeiramente significativa. A viagem de Cheryl parece mais um passeio de uma mulher da cidade em busca do exótico. Identificar-se com ela não é muito fácil. E Reese Witherspoon, que ficou mais bonita depois de madura, não impressiona em nenhuma cena e ainda assim foi indicada para o Oscar. Mais grave é o caso de Laura Dern, que nem tem a chance de estrelar uma cena inteira de maneira direta por causa do papel inconsistente e também disputa a estatueta.
Livre
[Wild, Jean-Marc Vallée, 2014]
Nossa, achei esse filme tão life-changing. Não esperava uma crítica tão fria. Não entendo como pode achar que os dramas da protagonista eram pequenos… Aborto, heroína, morte da mãe, violência doméstica, problemas financeiros. Achei a história da Cheryl bem pesada. As citações dela pelo caminho são valiosas, a força de vontade, motivação, desejo de mudança… Me emocionei pra caramba. Sem falar que é desonesto achar que foi um ~passeio~. Era uma mulher! Mulheres sozinhas fazendo esse tipo de viagem é raríssimo e também muito perigoso, pelo risco de sofrerem abusos/estupro e também pode serem sempre desacreditadas. No final, ainda me cita a aparência da Reese… Não sei porque me surpreendo. Tenho certeza que se fosse um homem protagonista até indicação a Melhor filme ou roteiro haveria.
Na Natureza Selvagem mediano? Nunca pensei que ia ouvir isso.
Nunca achei a Reese a grande atriz que outros acham. Além disso tem o queixo mais feio de Hollywood. É careteira e falsamente intensa. Fez a carreira em cima de Legalmente loira e ganhou prêmios por uma June apenas correta. Não entendo seu sucesso! Já Laura Dern é um show de atriz, mas pouco carismática. Achei a resposta: Reese é mediana, mas tem carisma, Laura é ótima, mas não tem o tal star quality.