Maravilhoso Boccaccio

Embora tenha uma ideia central que remete a um dos maiores clássicos da dupla, Kaos, inspirado em contos de Pirandello, Maravilhoso Boccaccio lembra mais os filmes de época que os próprios irmãos Paolo e Vittorio Taviani dirigiram nos anos 90, uma safra menos celebrada do que os feitos dos diretores na década anterior. A trama se passa em 1348, quando a Europa era devastada pela Peste Negra, e mostra um grupo de jovens que foge da cidade em que moram para se refugiar da doença num castelo e, entendiados, contam histórias de amor uns para os outros. Como no roteiro original de Aconteceu na Primavera ou na adaptação de As Afinidades Eletivas, de Goethe, as relações entre as personagens eram mais simples e a própria construção das histórias mais clássicas. Se os textos das fábulas, livremente inspiradas no Decameron de Giovanni Boccaccio, livro adaptado com mais assinatura por Pier Paolo Pasolini, são parábolas morais bem contadinhas que atendem às expectativas do espectador e remontam a uma certa zona de conforto para os diretores, falta ao filme a pungência de Pai Patrão ou A Noite de São Lourenço, dois de seus filmes mais celebrados, ou o risco de César Deve Morrer, seu trabalho anterior, cheio de fôlego e frescor, talvez sua obra mais particular. Falta assinatura a esse novo trabalho.

Maravilhoso Boccaccio EstrelinhaEstrelinha½
[Maraviglioso Boccaccio, Paolo & Vittorio Taviani, 2015]

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