Meu Namorado é um Zumbi

Depois de estrear com um filme de doença cujo diferencial era ser bem-humorado – 50%, com Joseph Gordon-Levitt -, o diretor Jonathan Levine se volta para outro gênero, a comédia romântica, também tentando trazer alguns elementos novos. E como de histórias de amor impossível o cinema está cheio, ele aposta num tipo de relacionamento ainda pouco explorado: o romance entre uma humana e um morto-vivo. Meu Namorado é um Zumbi é a adaptação do romance Sangue Quente, de Isaac Marion, que transporta uma história de amor no melhor estilo Romeu & Julieta para os tempos de apocalipse dos devoradores de cérebros.

A proposta já garante a simpatia, mas o fato é que o filme peca pelo excesso de ingenuidade, sobretudo para um genêro que pariu recentemente longas cheios de sarcasmo e inteligência como Todo Mundo Quase Morto e Zumbilândia. Levine reproduz os lugares comuns das comédias românticas, sem saber contextualizá-los num filme de zumbi. Os dois gêneros parecem nunca se casar satisfatoriamente. O protagonista Nicholas Hoult, o Fera de X-Men: Primeira Classe, não ajuda com sua falta de expressão. O personagem pedia um Michael Cera ou um Jesse Eisenberg, atores mais maliciosos, para funcionar plenamente.

O filme começa a virar quando acrescenta um novo elemento à mitologia zumbi, na cena em que o morto-vivo vivido pelo ótimo Rob Corddry apresenta uma espécie de “mutação emocional”. Depois de dois terços de piadas recicladas, Meu Namorado é um Zumbi empolga de verdade, colocando os humanos como espectadores de uma guerra protagonizada por mortos-vivos, o que, de certa forma, reproduz numa versão água-com-açúcar, sem um pingo de profundidade, mas bem sincera, um dos temas centrais dos filmes de George A. Romero, a luta pela sobrevivência.

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[Warm Bodies, Jonathan Levine, 2013]

Comentários

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5 comentários sobre “Meu Namorado é um Zumbi”

  1. não acho que o tema central seja a luta pela sobrevivência, e sim o estranho distanciamento afetivo que nos torna zumbi de certa maneira, e que o amor pode curar isso e derrubar o muro da solidão. Bem bonito.

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