Mostra de Cinema 2004, dia 9:
Tae Guk Gi , de Je-gyu Kang.
(idem, Coréia do Sul, 2004)
Este filme é realmente único. Uma megaprodução cheia de efeitos visuais que veio da Coréia do Sul. Um épico com ares de clássico norte-americano dos anos 30, moldado com o que a tecnologia mais atual tem a oferecer: a fotografia naquele tom de reality show, edição rápida, sonoplastia acentuada, violência sem limites, feita pra chocar mesmo (para mostrar os horrores da guerra, sabe?). E é por se aproximar com tanta fúria do cinema dos Estados Unidos que a história dos dois irmãos mandados para a Guerra da Coréia parece artificial e não convence. É um cinema que nasce vendido, entregue, chupado do que o filme norte-americano tem de pior. O uso da trilha chega a ser imoral. Os protagonistas interpretam como se estivessem em Hollywood. Talvez seja por isso que a Coréia do Sul espera concorrer ao Oscar com este filme aqui.
Contra a Parede , de Fatih Aik.
(Gegen Die Wand, Alemanha, 2004)
Moderno mesmo, hoje em dia, é quem tem sotaque. Efeitos da globalização. Explicação para que este filme, um descendente de Casamento Grego (2002) e Casamento Arranjado (2001) travestido de filme contemporâneo. A fórmula é simples: soma-se câmera digital trêmula, sexo, drogas, rock’n’roll e violência. O resultado é filme velho com cara de novo. Com alguns bobões que ainda compram a idéia e dão prêmio em festival importante, carreira assegurada.
Sarabanda , de Ingmar Bergman.
(Saraband, Suécia, 2003)
Não existe um diretor de atores como Ingmar Bergman. O reencontro dos personagens de Liv Ullmann e Erland Josephson em Cenas de um Casamento (73) é um palco para grandes interpretações. Bergman usa um cenário estritamente teatral, fechado, com não mais que dois personagens em cena. Mas quando o espectador acha que a força do filme está apenas no texto e nos atores – o que já não seria pouca coisa já que o filme se debruça mais uma vez nos murmúrios bem guardados de uma família – o cineasta surge com um plano absolutamente lindo. Bergman agora só faz TV, mas nunca deixou de fazer cinema.