[em cartaz]
[murderball – paixão e glória ]
direção: Henry Alex Rubin e Dana Adam Shapiro.
Murderball, 2006. Enquanto documentário, não há nada de novo, mas o filme, embora muitas vezes seja óbvio e vire reforço para a cultura norte-americana da vitória, é bastante curioso e, por mais que se esforce para ser politicamente correto, traz momentos emocionantezinhos para aqueles que, como eu, ainda se ligam em emoçõezinhas básicas. Uma coisa um tanto incômoda é que é um filme para mostrar o deficiente como pessoa normal, algo meio redudante, mas qual é a visão completamente lúcida sobre isso? Olho limpo? Duvido muito. Então, embora tenha a Guerra do Iraque, embora tenha Bush, embora seja um filme sobre heróis, Murderball tem um encanto bruto de reportagem-mosaico. Sem ser muito profunda, sabe prender a atenção.
Com Mark Zupan, Keith Cavill, Andy Cohn, Scott Hogsett, Bob Lujano, Joe Soares.
Essa história do pai deficiente atleta e do filho nerd e tocador de violino é ótima; no fim das contas, o pai acaba dando um jeito de trazer o filho para o mundo “dog eat dog” que eles criaram e apreciam.
Eu já acho que não é questão de função, é questão de retrato. Já que seria tão óbvias suas capacidades, elas não merecem registro?
Hmm, não consigo me convencer de que seja necessário não. Se a sociedade tem preconceitos com quem é, digamos, pobre e negro, é necessário fazer filmes em que pobres e negros recitem diálogos complicados (só para mostrar-nos que eles também são capazes de algo que obviamente são)? Não sei. Acho que não. Não vejo o cinema como encarregado desse tipo de função. E o preconceito vem em mão dupla, acho.
Lembro que nós três, na saída da sessão, comentamos o “About Schmidt” e o “Meet the Fockers”, onde as personagens da Kathy Bates e do Dustin Hoffman também fazer “paredes de troféus” dos filhos, mas estes só ganhavam de 8º lugar para baixo, o que deixavam as personagens do Nicholson e De Niro perplexos com o “elogio à mediocridade”… Os americanos, mesmo os mais esclarecidos (nem meus professores em Berkeley escaparam), odeiam os franceses, os japoneses e qualquer um que ameace sua posição de “number one”. Outra crença deles é “the bigger the better”, aplicada a tudo, e não somente a isto que vocês estão pensando…
Exatamente, Ana.
Tiago, eu acho que é necessário fazer um filme para mostrar que os deficientes jogam hóquei e trepam.
Sim, Tiago, se é necessário fazer um filme para mostrar que deficientes podem fazer esportes e trepar, é porque a sociedade ainda não aceitou ou não sabe conviver com isso. Mas o que mais me incomoda é que o filme prega o tempo todo uma filosofia de que vencer é o mais importante, de que é tudo na vida. Não é à toa que o último plano do filme seja justamente um troféu. E nem do deficiente, mas do seu filho que também aprendeu que na ótica americana a única coisa que importa é vencer.
Acho que o problema é a idéia do filme mesmo. Se você quer fazer um filme pra mostrar que deficientes podem jogar hóquei e trepar, já tem alguma coisa estranha aí.
É produção da MTV, ficou com “aquela cara”… O filme encontra pelo menos quatro grandes personagens e registra muito bem o período que cobre, mas é conservador até a medula…
Uma coisa que eu não entendi ainda é o que o Jim Carrey está fazendo nesse filme.