Na Naureza Selvagem

A trajetória de Sean Penn é uma das mais interessantes de Hollywood. De bad boy que espancava a esposa (no caso, a Madonna) e ator de filmes teen (estava brilhante em Picardias Estudantis, de Amy Heckerling), se transformou num ator maiúsculo, respeitado, engajado e premiado. Na galeria de interpretações que nos ofereceu, destaque para O Pagamento Final, Loucos de Amor, 21 Gramas e Uma Lição de Amor.

Sua passagem para a cadeira de diretor não demorou tanto e, hoje, já estamos diante de seu quarto longa-metragem nesta função. O processo de seu amadurecimento como cineasta é flagrante. Ele começou bem com Unidos pelo Sangue, tropeçou no chatinho Acerto Final, se recuperou com o ótimo e nunca óbvio A Promessa e atingiu seu clímax com o belíssimo episódio de 11 de Setembro, estrelado por Ernest Bornigne.

Então, fica a dúvida: por que ele resolveu fazer um filme tão didático como Na Natureza Selvagem? Dá até para perdoar esta concessão hippie de celebrar a revolta contra o status quo através da história do garoto de classe média que resolve largar a vida urbana capitalista nunca, argh, jornada de autoconhecimento até o Alasca – pois é, dizia ele que, no Alasca, seria feliz. Tudo bem, isso passa, mas porque então aquela narração constrangedora da irmã? Por que fazer um uso tatibitate da trilha sonora de Eddie Vedder? As melodias são lindas, mas as letras são de uma pobreza assustadora, mastigadinhas demais, tentando ratificar o comportamento do protagonista.

O abuso da câmera lenta causa enjôo, principalmente nas cenas em que nosso herói percorre um rio de caiaque até chegar ao México (a Sol de América deve ter se contorcido de raiva). O que salva o filme de um destino mais trágico, com direito ao reencontro com a família mais forçado dos últimos tempos (por sinal, bem oficialesco este filme, né?), são vitórias pontuais na escolha do elenco: Catherine Keener, sensível e discreta, e Hal Holbrook, bastante correto, são os melhores. Emile Hirsch é um ator esforçado, mas ainda não tem o mojo. Um dos maiores acertos é o estabelecimento da relação entre os irmãos. É fácil acreditar no amor e na parceria entre os dois. O chato é ter que suportar aquele texto em tom supostamente literário, parecendo texto de blogue de pseudo-poeta.

Na Natureza Selvagem EstrelinhaEstrelinha
[Into the Wild, Sean Penn, 2007]

Comentários

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17 comentários sobre “Na Naureza Selvagem”

  1. Eu também gostei mto do filme. Gostei da história e não entendo qdo o pessoal fala que a edição do filme é ruim, afinal, quem é que vai assistir a um fime para ver se a edição foi perfeita ou não? O q importa é se a história nos toca, se o enredo é bom. Também achei tosco como já disseram a cena do ator principal fez uma careta para câmera. Fiquei boba, achei completamente fora do contexto, mas em compensação as cenas entre Hal Holbrook e Emile Hirsch foram emocionantes, uma lição de vida!!! Ah, a trilha é boa e a fotografia é demais!!

  2. Olá, Chico, é a primeira vez que entro no seu site e, na minha opinião o filme é lindo, uma sinfonia bem feita da direção, atuação e trilha sonora. Um filme sobre solidão – tema universal, que pena que você nao aproveitou as citações literárias. Num mundo materialista, consumista, com uma juventude tão sem projeto a não ser seus próprios umbigos e cartoes de crédito, talvez a opção “didática” seja a que possa atingir mais cabeças e, com sorte, mais corações 9o seu, pelo jeito, não esteve lá).

  3. Tbem acho o filme muito bom! E pelo que entendi no final ele não reencontra os pais, ele apenas pensa como seria reencontra-los, e a cena é essa! Mas morre sozinho dentro do ônibus. O filme tem muita coisa boa e legitima, faz a gente sair pensando! filme bom não é isso?

  4. gosto de algumas críticas suas, e de seu “senso de exigência”, mas achei bem ingênua sua análise sobre esse filme. é um filme no estilo “romance de formação”, que como característia principal, tem o caráter didático. a estrutura dele segue, então, a idéia de “aprendizado”, e toda a montagem do filme visa esse sentido. acho muito engraçado neguinho comentando da edição, trilha, etc, como se fosse “O” cineasta. bobeira, sô ! o filme é bão, veja de novo!abraço.

  5. O filme pode até ser didático, mas em nada desmerece a bela história, os excelentes atores, a trilha sonora e a fotografia…Vale a pena!

  6. Eu gostei bastante desse filme, Chico. O Hirsch é muito bom e os coadjuvantes, principalmente o Holbrook, são excepcionais. Sem contar a trilha do Eddie Vedder … mas o que mais me chamou a atenção e me emocionou foram as figuras simples e solitárias que aparecem no caminho do protagonista, principalmente os três idosos: o do telefone, tentando ser perdoado pela esposa, o do “monte da salvação” e o interpretado pelo Holbrook, responsável pelo momento mais tocante do filme. Na Natureza Selvagem pode ter lá seus defeitos, mas é um grande trabalho do Penn na direção …
    Abraços.

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