BONITINHO, MAS ORDINÁRIO
Mais uma animação desanimada da Disney coloca em risco o futuro do desenho tradicional
É bem melancólico ter que anunciar que a falta de criatividade e, talvez o mais grave, de ousadia dos roteiristas podem decretar o fim da animação tradicional. Nem que a Vaca Tussa é o exemplo perfeito de que os estúdios de cinema cada vez dão menos atenção ao gênero para, provavelmente, poder se dedicar mais aos filmes criados em computador. A fórmula é a mesma de sempre: o bem vence o mal, sendo o bem encarnado numa vaquinha campeã de torneios e metida a besta e o mal, um ladrão de gado. Está tudo lá: os coadjuvantes fofinhos e engraçadinhos, o trajeto de dificuldades para percorrer e a falta de imaginação para se reescrever os estereótipos. Procurando Nemo, uma animação digital, por exemplo, também tem coadjuvantes fofinhos e engraçadinhos. Também lança um trajeto de dificuldades para seus protagonistas percorrerem, mas, além da força da magnífica criação visual, dribla os clichês com um texto inteligente e uma lição de moral muito menos óbvia que seus antepassados. Em Nem a Vaca Tussa, simpatiquinho como o quê, a lição é outra: a união deve fazer a forca do bom e velho filme de animação.
NEM QUE A VACA TUSSA
Home on the Range, Estados Unidos, 2004.
Direção e Roteiro: Will Finn e John Sanford.
Elenco: G.W. Bailey, Roseanne, Steve Buscemi, Judi Dench, Joe Flaherty, Cuba Gooding Jr., Estelle Harris, Randy Quaid, Jennifer Tilly, Sarah Jessica Parker, David Burnham,Charles Dennis, Janet Du Bois,Gregory Jbara.
Direção de Arte: David Cutler. Música: Alan Menken. Produção: Alice Dewey. Site Oficial: disney.go.com/disneyvideos/animatedfilms/homeontherange/main.html.
nas picapes: That’ll Do, Peter Gabriel.