Conhecido por seus trabalhos de linhagem mais étnica, como Tempo de Embebedar Cavalos e Tartarugas Podem Voar, desta vez, o cineasta Bahman Ghobadi realmente surpreendeu. O diretor abandona seu olhar sobre o homem comum, geralmente vítima da guerra, e mira no Irã urbano, cosmopolita (da maneira que consegue ser) e cheio de jovens dispostos a fazer música. Rock. O casal de protagonistas – os dois interpretam algo muito próximo de si mesmos, clássico modelo iraniano que aqui o cineasta reprisa com efeitos diferentes – tem um objetivo: completar sua banda de indie rock para poder fazer shows pela Europa. Ghobadi acompanha essa busca pelas ruas de Teerã com uma câmera agitada, que reflete a angústia dos jovens enquanto, lentamente, apresenta o país em que eles vivem. Seguindo pelas bordas, o filme se transforma num poderoso mosaico sobre o Irã dos dias de hoje, onde passado e presente convivem, com cada um tentando achar seu espaço. A estrutura do filme parece hollywoodiana. Há um guia fanfarrão, o ótimo Hamed Behdad, e, em cada parada, o trio conhece personagens diferentes (com rocks diferentes, muitos deles muito bons) que ajudam a entender a complexidade do país, mergulhado num conflito eterno entre o próprio umbigo e todo o resto.
Ninguém Sabe dos Gatos Persas
[Kasi az Gorbehaye Irani Khabar Nadareh, Bahman Ghobadi, 2009]