O amor em neon, desajeitado, desarrumado, desconjuntado. O Fundo do Coração é o filme mais ousado de Francis Ford Coppola porque não precisava ser nada daquilo. Não precisava ter recriado Las Vegas totalmente em estúdio, nem ter uma trilha com três mil canções de Tom Waits, muito menos ter tanta preocupação em transformar cada cena num quadro absurdamente lindo, à moda de 1981, com cores berrantes, letreiros luminosos e uma overdose de neon. Coppola talvez quisesse usar seu amor sem tamanho pelo cinema como metáfora para traduzir o desmesurado amor de seus protagonistas. Deu certo, mas só por linhas tortas porque é preciso desconsiderar o texto muitas vezes ruim e a falta de química entre Frederic Forrest e Teri Garr, que somente parecem à vontade quando suas personagens encontram novos interesses amorosos (Raul Julia e Nastassja Kinki no auge da juventude e da beleza), não por acaso quando o filme realmente acontece. Tantos senões que o filme foi um fracasso de público e de crítica. Mas, hoje, 34 anos depois, numa sessão de meia-noite para meia dúzia de gatos pingados em que a cópia quebrou duas vezes, mesmo que o filme ainda pareça um monte de ideias que não combinam entre si, dá pra ver que O Fundo do Coração carrega em azuis, vermelhos e amarelos um amor que não se mede. Exagero? É bem capaz.
O Fundo do Coração ½
[One From the Heart, Francis Ford Coppola, 1981]
ADORO este filme, com pequenos defeitos e barrigas, acho ele tocante, lindo e emocionante.
Chico,
Acho esse filme do Coppola brilhante. Tanto que numa viagem à Saõ Francisco passei na produtora dele e na suz pizzaria e cabei comprando em DVD. È lindíssimo, com uma trilha maravilhosa…
Eu acho belíssimo e cheio de defeitos, que o deixam mais belo.