O Iluminado

Minha redescoberta/reaproximação, ou – por que não? – meu reapaixonamento pelo cinema de Kubrick começou quando eu vi há alguns dias, pela primeira vez, Barry Lyndon, um dos filmes mais esplêndidos que o cinema já fez. Reassistir a O Iluminado teve um efeito parecido. Primeiro, há o impacto daquela imensidão, seja nas cenas abertas, seja nas internas. Nada escapa à câmera de John Alcott, que promove um romance entre as cores da fotografia e os cenários majestosos. Cada quadro é extremamente calculado, com todos os elementos de cena arranjados em função de um equilíbrio não puramente estético, mas conceitual – em favor do clima de prisão superdimensionada. A importância do espaço, algo comum a toda a filmografia kubrickiana, é mais forte aqui já que, neste filme, o hotel é quase uma personagem. Os três protagonistas vagam pelo cenário estabelecendo pequenas jornadas solitárias até se perderem dentro dele, ao som de uma música perturbadora. É quando Kubrick catapulta o texto de Stephen King, que, por sinal, não gostou nada do resultado. Neste filme, Jack Nicholson estabelece um padrão de interpretação que influenciou praticamente tudo que veio depois. Shelley Duvall faz algo parecido. Materializa o desespero, mas é o pequeno Danny Lloyd, o responsável por algumas das expressões de pavor mais assustadoras da história do cinema.

O Iluminado  EstrelinhaEstrelinhaEstrelinhaEstrelinhaEstrelinha
[The Shining, Stanley Kubrick, 1980]

Comentários

comentários

15 comentários sobre “O Iluminado”

  1. Kubrick subverte o texto do Sthephen King a todo momento – e consegue sempre deixar o filme melhor do que o livro. Sem falar no final que é totalmente diferente do livro e muito melhor do que o clichê pensado por King.

  2. Um dia eu aluguei Barry Lyndon, mas tive que devolver sem ver completo porque a cópia do DVD tava muito lascada (tinha cena que nem dava para ver). Mas O Iluminado eu vi todo, e é obra-prima mesmo. Aquela cena no labirinto é de tirar o fôlego; e o interessante é que o Kubrick frustra completamente nossas expectativas, jpa que, pelo o que eu me lembre, nada de muito importante ocorre nessa cena.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *