O Processo de Joana D’Arc, uma das obras mais famosas de Robert Bresson, centra sua pouco mais de uma hora no julgamento da santa que terminou queimada na fogueira (espero que ninguém ache que isso é contar o fim da história). Realizado em preto e branco (como o clássico A Paixão de Joana D’Arc, feito por Carl Dreyer, em 1928), o filme explica seu contexto num longo letreiro inicial e parte para uma sucessão de cenas internas, muito limpas visualmente, onde Joana D’Arc é interrogada pela Santa Inquisição. Mais uma vez, os atores não são profissionais, mas aqui isso não interfere na qualidade do filme. O duelo entre a verborrágica Joana e o bispo-chefe, que dura todo o tempo do longa, é feito com velocidade e texto inteligente. As intenções políticas de Bresson, claramente acintoso com os ingleses, se esvaem numa história bem contada, interpretada e dirigida. A opção pelo visual básico dos cenários, a ausência de cor e o pouco movimento da câmera destacam os atores e o texto. O filme se ergue pela palavra.
O Processo de Joana D’Arc
[Le Procès de Jeanne D’Arc, Robert Breasson, 1962]