Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood

Sentimentos contraditórios em relação ao novo Os Saltimbancos Trapalhões, reimaginação do longa original de 1981, um dos favoritos e mais icônicos do quarteto. Ao mesmo tempo em que as memórias invadem a cabeça a cada cena, em cada reinterpretação da trilha sonora que mais ouvi na vida, faz falta um roteiro que explore melhor a herança que filme deixou. Os Trapalhões mereciam um texto mais bem construído, uma homenagem realmente reverente a tudo o que eles criaram. O filme de João Daniel Tikhomiroff é bem bonito plasticamente (embora pareça um bastidor eterno), mas o roteiro parece uma sucessão de improvisos que retornam ao conceito original da maneira mais óbvia possível.

Uma das coisas mais interessantes é o uso dos figurantes como um coral grego, que se agrupa a cada música, mas essa citação explícita do circo causa um problema: mesmo num filme que preza pela beleza plástica, os personagens, não raramente, estão de costas para a câmera. Mas há trunfos. Outro, muito bom, é a sequência inicial, em “Hollywood”, numa brincadeira/homenagem/tiração de sarro com os comentários de Rubens Ewald Filho nas cerimônias de entrega do Oscar. A ideia de fazer uma reinterpretação do filme original parece um tanto acomodada, ainda mais diante da importância do longa original. Os papeis de Karina, Satã e Tigrana são entregues para outros atores, que se esforçam, mas não acrescentam muita coisa ao que já tinha sido criado. Letícia Colin é uma graça, mas Lucinha Lins era a própria encarnação da delicadeza no primeiro filme.

As críticas a esses filmes que partem das premissas originais de outros filmes, geralmente de sucesso, podem parecer preciosismos nostálgicos, principalmente neste caso dos Trapalhões. Porque, afinal, roteiros bem acabados e interpretações incríveis nunca foram exatamente o forte dos filmes do quarteto, embora haja longas notáveis do grupo de humoristas. Mas, se o princípio do filme é justamente esse, explorar a nostalgia, o espectador, sobretudo aquele que assistiu a esses filmes na infância, no cinema, que tem uma ligação sentimental com esses longas têm todo o direito de querer mais. Ainda assim, é sempre muito bom remexer nos arquivos do coração.

Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood ★★½
[Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood, João Daniel Tikhomiroff, 2017]

P.S.: Qual o melhor filme dos Trapalhões? Veja meu Top 10.

Comentários

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3 comentários sobre “Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood”

  1. Boa tarde.
    Você pode fazer uma lista dos filmes notaveis dos Trapalhões?
    Tenho vontade de ver alguns, mas não sei nem por onde começar.
    Obrigado.

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