PARTY MONSTER
Vou confessar. Sempre gostei de Macaulay Culkin. Adoro o desempenho dele em Esqueceram de Mim (90) e até no bobinho Meu Primeiro Amor (91). Então, minha expectativa para a volta do rapaz às telas depois de dez anos de recolhimento, drogas, ídolos da música pop, exploração paterna e até um casamento era bem grande. Maior ainda porque o garoto perdido escolheu uma personagem bem controvertido para reaparecer no cinema: Michael Alig, nome importante na noite nova-iorquina nos anos 90, criador de festas gay escandalosas que fizeram sua fama. Era a chance de Culkin provar que é um grande ator como sempre deu a entender. Mas isso não acontec.
Party Monster parece filme de formatura de estudante de cinema recém-saído da faculdade. É tolo, espalhafotoso, pouco profundo e com uma necessidade bem visível de chocar. O universo gay visto no filme se baseia em estereótipos gastos. Estereótipos que podem até ter um pé no real, mas que são estereótipos perigosos. Macaulay Culkin, preocupado em deixar sua performance o mais peculiar possível, fica preso numa sucessão de afetações que deixam a personagem e o filme desacreditados. Ruim. Ruim mesmo. O tom sarcástico e deliberadamente (e exageradamente) cômico minimizam as tentativas – parcas – de aprofundamento psicológico do filme.
Party Monster termina melhor do que começa, mas nem assim consegue ser um filme satisfatório. O elenco embarca na bobagem e entrega performances nulas ou medíocres. A exceção é apenas Seth Green. O ator, que já foi a persona de Woody Allen em A Era do Rádio (87) e que foi parar na série boboca Austin Powers (97-02), no papel do autor do livro em que o roteiro foi baseado, cria o único personagem digno do filme. Afetado na medida certa, com silêncios necessários a qualquer um em que se queira acreditar.
Party Monster
Party Monster, Estados Unidos, 2003
Direção: Fenton Bailey e Randy Barbato.
Elenco: Macaulay Culkin, Seth Green, Chloë Sevigny, Natasha Lyonne, Marilyn Manson, Wilmer Valderrama, Wilson Cruz, Diana Scarwid, Dylan McDermott, Mia Kirshner, Justin Hagan, John Stamos, Clark Render.
Roteiro: Fenton Bailey e Randy Barbato, baseados no livro Disco Bloodbath, de James St. James. Produção: Fenton Bailey, Randy Barbato, Jon Marcus, Bradford Simpson e Christine Vachon. Fotografia: Teodoro Maniaci. Edição: Jeremy Simmons. Direção de Arte: Andrea Stanley. Figurinos: Richie Rich (como Heatherette) e Michael Wilkinson. Música: Jimmy Harry.