Pássaro Branco na Nevasca

O novo filme do outsider Gregg Araki tem menos bizarrices do que os trabalhos anteriores do cineasta – quer dizer, melhor você chegar antes ao final deste aqui, sobre o desaparecimento de uma mulher, que aparentemente abandona o marido e a filha numa cidade do interior. Baseado no livro escrito por Laura Kasischke, o longa é estrelado por uma ótima Shailene Woodley, do igualmente ótimo Os Descendentes, que está no auge da beleza. Durante boa parte do filme, Araki mantém seus maneirismos indies em favor de criar um ambiente delicado para explorar os dilemas da adolescente, que, por sua vez, não são muito diferentes dos dramas que qualquer jovem da idade dela vive.

Parece querer ampliar o espectro do filme, que vive à sombra do sumiço da mãe de Kat, investigando muito mais do que o desaparecimento da personagem, mas a vida sem perspectivas numa cidade do interior dos Estados Unidos. Araki parece buscar a motivação escondida em cada pessoa que vive ao redor da protagonista. A trilha sonora assinada por Robin Guthrie, um dos fundadores do Cocteau Twins, dá um diferencial no estabelecimento dessa atmosfera. Oito das doze faixas compostas para o filme são de autoria dele e remetem diretamente à sonoridade de seu grupo de origem. De bônus, ainda ouvimos “Dazzle”, do Siouxise and the Banshees. O problema é que o universo que o diretor consegue criar enfraquece gradativamente à medida que a trama cobra o fim do mistério.

Pássaro Branco na Nevasca EstrelinhaEstrelinha
[White Bird in a Blizzard, Gregg Araki, 2014]

Comentários

comentários

Um pensamento sobre “Pássaro Branco na Nevasca”

  1. Vi há algumas semanas e, embora tenha gostado, achei inferior aos outros trabalhos do Araki, sobretudo o Mysterious Skin.

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