O grande mérito de Plano de Vôo é explorar a claustrofobia do pouco espaço para se aventurar pela paranóia, que ganha cada vez mais defensores nos Estados Unidos. A paranóia como filosofia de vida. Enquanto a personagem de Jodie é louca do avião, em busca de sua filha imaginária, sob os olhares e comentários desconfiados de seus colegas de vôo, o filme guarda certo interesse. Mesmo diante de sua limitadíssima capacidade como atriz (que se resume em três ou quatro expressões e uma testa franzida para todo o sempre), Jodie dá algum crédito a mãe louca que interpreta.
O problema é o que vem depois. A reviravolta da história é tão displicente que as personagens são viradas pelo avesso sem qualquer registro do que os atores tinham feito até então. O caso grave é o de Peter Sarsgaard, coitado, um ator eficiente que se meteu numa tranqueira truncada. Depois desta virada, tudo é muito fácil, previsível (inclusive a atual tendência do cinema norte-americano de permitir ao herói um assassinatozinho porque ninguém é de ferro) e toscamente resolvido.
Plano de Vôo
Fightplan, Estados Unidos, 2005.
Direção: Robert Schwentke.
Eu odeio o “Se7en”, filme prejudicial, do mesmo nível de “Saw” e afins; “Clube da Luta” eu acho apenas boboquinha. “O Quarto do Pânico”, por mais que seja fraco, me parece o mais honesto de todos, de longe.
Marcelo, eu acho “Clube da Luta”, o filme que vc odeia, bem melhor.
Ailton, tenho que rever “A Dama Oculta” para essa comparação.
Quando eu saí de PLANO DE VOO eu achei o filme ótimo. Curti pra caramba. Mas é o tipo de filme que acabou se apagando um pouco da memória afetiva. Mas gosto dele.. Uma espécie de A DAMA OCULTA do século XXI (e sem Hitch).
“Quarto do Pânico”, por sinal, é o “menos pior” dos filmes do Finchão (pelo menos têm uns créditos iniciais bonitinhos).