Houve anos bem melhores para o cinema, mas 2011 teve seus momentos. Muitos deles aconteceram ao largo do circuito comercial: a Mostra Hitchcock levou às telas do Cinesesc e do CCBB a obra completa do mais aclamado diretor de cinema do planeta, o Indie proporcionou a retrospectiva do húngaro Béla Tarr, assim como a exibição em cinema do épico de sete horas e meia Sátátango. E lá do Irã veio o filme mais corajoso do ano, Isto Não é um Filme, que Jafar Panahi, codirigiu e estrelou de dentro do apartamento onde cumpre prisão domiciliar. Reclamar de 2011 não está certo.
Um punhado de grandes longas chegaram ao circuito. Foi o primeiro ano em que Apichatpong Weerasethakul e Brillante Mendoza realizaram este feito, por exemplo. Neste post, eu relacionei os 20 melhores filmes que estrearam comercialmente no Brasil ao longo do ano. Mas, antes deles, aqueles que quase chegaram lá.
menções honrosas
Adeus, Primeiro Amor, Mia Hansen-Love; Contágio, Steven Soderbergh; Deixe-me Entrar, Matt Reeves; Hiroshima – Um Musical Silencioso, Pablo Stoll; Melancolia, Lars Von Trier; Pacific, Marcelo Pedroso; Planeta dos Macacos: a Origem, Rupert Wyatt; Singularidades de uma Rapariga Loura, Manoel de Oliveira; Turnê, Matthieu Amalric; X-Men: Primeira Classe, Matthew Vaughn.
E agora a lista final:
Bridesmaids, Paul Weig
Super 8, JJ Abrams
Le Gamin au Veló, Jean-Pierre e Luc Dardenne
O Céu sob os Ombros, Sérgio Borges
Somewhere, Sofia Coppola, 2010
Insidious, James Wan, 2010
Blue Valentine, Derek Cianfrance, 2010
The Ides of March, George Clooney
The Tree of Life, Terrence Malick
Copie Conforme, Abbas Kiarostami, 2010
The Fighter, David O. Russell, 2010
Belair, Noa Bressane e Bruno Safadi, 2010
Midnight in Paris, Woody Allen, 2011
True Grit, Joel e Ethan Coen, 2010
Des Hommes et des Dieux, Xavier Beauvois, 2010
La Piel que Habito, Pedro Almodóvar
In Film Nist, Jafar Panahi e Mojtaba Mirtahmasb
Las Plages de Agnès, Agnès Varda
Loong Boonmee Raleuk Chat, Apichatpong Weerasethakul, 2010
O Palhaço, Selton Mello
É difícil defender algo que você ama demais, mas nenhum filme que eu vi em 2011 mexeu comigo como O Palhaço. A história do homem em conflito que tenta buscar direção e sentido para sua vida é filmada com uma melodia que me contagiou. Desde que a trilha se revelou nos minutos iniciais do filme, eu já sabia que meu destino estava selado. A música estabelece exatamente o que Selton Mello pretende para o filme: o encontro entre o autoral e o popular. Isto está no tema, na trilha e na maneira de filmar. Está na concepção do elenco como um grupo. Está nos movimentos de câmera cuidadosos, na direção de arte caprichada e nas participações carinhosas. Selton enche o filme delas, mas faz valer cada uma. Moacyr Franco, como o delegado, é a melhor delas.
O longa tenta buscar o meio do caminho entre a herança e a missão, entre o ser e o dever. E, nessa jornada, encontra a sensibilidade sem se esforçar muito. O diretor tinha enganado a gente com sua estreia, Feliz Natal, um filme visualmente bonito, rigoroso e afetado. O cineasta que ele escondia é esse aqui que dirigiu O Palhaço, uma pequena obra-prima, o melhor filme do ano. É impossível não parir adjetivos. Selton comanda o filme como quem embala um filho, com amor mesmo. O Palhaço é autêntico, doce, sincero. De uma beleza incrível.
Tá difícil de eu terminar minha lista. Perdi vários filmes esse ano. =(
Do seu Top 20 eu perdi 6, pra ter uma idéia. Vou ter que correr atrás. rs
Você não gostou de “Um Sonho de Amor” (I Am Love)? Era meu Top 1 até meses atrás.