Atualização: top 100 da Sessão da Tarde
A verdade é que ser criança entre os anos 70 e 80 foi um deleite para quem estudava pela manhã e podia ver TV à tarde. A Sessão da Tarde da TV Globo, que existe desde 1975, era parada obrigatória para a criançada e, ao contrário dos filmes teen sem graça que são exibidos já faz uns bons anos no espaço, o recheio da sessão era de clássicos. A lista que você acompanha abaixo é estritamente pessoal. Os únicos critérios, além do meu gosto, foram: só trabalhar com filmes exibidos na Sessão da Tarde (nada de Cinema em Casa, aquela cópia fajuta que o SBT fez), escolher filmes que foram realizados até 1989 (porque, depois disso, a Sessão da Tarde nunca foi a mesma) e eliminar filmes que fizessem parte de alguma franquia (e que, desta forma, têm uma visibilidade maior, como as séries Superman, De Volta para o Futuro e Indiana Jones ou os longas dos Trapalhões). Eu queria fazer uma relação de filmes que são essencialmente filmes da Sessão da Tarde.
Young Sherlock Holmes
Barry Levinson, 1985
O que poderia ser mais irresistível do que acompanhar as aventuras de Sherlock Holmes e seu inseparável senhor Watson na infância? Barry Levinson, em seu terceiro filme, criou uma aventura deliciosa, escrita pelo mesmo Chris Columbus que nos entregaria Esqueceram de Mim e os primeiros filmes de Harry Potter.
Beetlejuice
Tim Burton, 1988
Este quase não entra na lista por causa de sua pouca idade, mas o filme mais maluco de Tim Burton é uma obra-prima da anarquia, com umas das melhores concepções visuais do cinema fantástico nos anos 80. Michael Keaton, em seu melhor papel, está genial. Numa das melhores cenas, Winona Ryder canta a música que seria o melô do Babaloo Banana.
The Greatest Show on Earth
Cecil B. De Mille, 1952
A Sessão da Tarde era tão legal que não vivia só de comédias e filmes de aventura, mas também exibia filmes como este drama circense em tom épico do mais hollywoodiano dos diretores. O filme, exuberante e grandioso, tinha Charlton Heston, Betty Hutton, Gloria Grahame e James Stewart, como o melhor palhaço do cinema.
The Last Starfighter
Nick Castle, 1984
Este filme nem é tão bom assim, mas ele foi simplesmente o sonho de nove entre dez moleques nos anos 80. O protagonista, um menino craque em jogar fliperama, se vê recrutado por uma espécie de polícia espacial para virar um soldado das estrelas e ajudar a acabar com aliens que queriam dominar alguma coisa. Precisa dizer mais?
Ladyhawke
Richard Donner, 1985
Donner foi o melhor diretor de indústria dos anos 70 e 80. Fez pelo menos uns cinco clássicos. O romance impossível entre os amaldiçoados Isabeau e Etienne foi um dos melhores. Rutger Hauer e Michelle Pfeiffer formam um dos casais mais belos e tristes do cinema americano. E Matthew Broderick, em seu terceiro filme, está perfeito.
Coming to America
John Landis, 1988
Se um comediante dominou os anos 80, este cara se chama Eddie Murphy. Este filme é o ápice de sua carreira ao longo da década, onde ele lança a tática de aparecer nas mais variadas ‘peles’. Há dois momentos sensacionais: Eddie cantando The Greatest Love of All, de Whitney Houston, e Eriq La Salle deixando uma poça de soul glo no sofá.
The Adventures of Robin Hood
Michael Curtiz e William Keighley, 1938
Este filme é o vovô da lista, mas o fato de ser uma das melhores aventuras de todos os tempos certamente o ajudou a ser reprisado ad infinitum na Sessão da Tarde. Quem acha que Robin Hood é Kevin Costner precisa muito ver este filme aqui. Errol Flynn comanda o elenco, que ainda tem Olivia de Havilland (!), sob às rédeas do então futuro diretor de Casablanca.
Arabian Adventure
Kevin Connor, 1979
O título genérico pode não ajudar na memória, mas este longa não é apenas uma aventurazinha qualquer no deserto. Este é o filme em que o mocinho busca a rosa azul, perseguido pelo olho que tudo vê. Clássico, mesmo não sendo tão bom. E com Christopher Lee, Peter Cushing e Mickey Rooney no elenco.
Charlotte’s Web
Charles A. Nichols e Iwao Takamoto, 1973
A versão em carne-e-osso não é ruim, mas não chega aos pés deste filme, que a Sessão da Tarde reservava para os feriados, quando a turma vespertina da escola se juntava aos coleguinhas da manhã em frente à TV. O porquinho Wilbur, o ratinho Templeton e, principalmente, a aranha mais adorável do universo, Charlotte, são inesquecíveis.
The Party
Blake Edwards, 1968
O encontro de Edwards com o genial Peter Sellers foi celebrizado na série A Pantera Cor-de-Rosa, mas provavelmente nunca foi tão hilário como neste filme. Sellers faz um figurante de cinema que ganha por engano um convite para uma festa em Hollywood e protagoniza uma colossal sucessão de trapalhadas.
Clash of Titans
Desmond Davis, 1981
Os efeitos criados por Ray Harryhausen provavelmente seriam motivo de chacota se este filme fosse exibido hoje em dia, mas foi o stop-motion do mestre que fez possível o mais delicioso filme sobre os deuses gregos. Apesar do clima b da produção, que vai ser refilmada, o elenco era uma constelação: Laurence Olivier, Maggie Smith, Ursula Andress, Claire Bloom e Burgess Meredith.
Big Trouble in Little China
John Carpenter, 1986
Carpenter deixou o terror, seu gênero por essência, de lado para dirigir esta aventuras com toques fantásticos e terminou nos entregando um de seus melhores filmes. Kurt Russell, Kim Catrall, bem antes de Sex and the City, e James Hong, uma espécie de senhor Miaghi dos pobres, protagonizam uma batalha contra um mal adormecido há séculos.
Those Magnificent Men in Their Flying Machines or How I Flew from London to Paris in 25 hours 11 minutes
Ken Annakin, 1965
Se esta lista fosse séria, esta vaga seria de Deu a Louca no Mundo, feito dois anos antes, que é uma espécie de versão rodoviária deste filme. Mas a verdade é que esta cria anabolizada, que também conta com o hilário Terry-Thomas, ganha pelo fato de literalmente mandar seu elenco pelos ares e aumentar o volume da comédia.
I Wanna Hold Your Hand
Robert Zemeckis, 1978
O primeiro filme de Robert Zemeckis, sobre a primeira visita do Beatles aos EUA, é um de seus melhores trabalhos. Todos os personagens são excelentes, desde a inocente Pam de Nancy Allen à alucinada Rosie Petrofsky de Wendie Jo Sperber. O filme cai um pouco numa revisão, mas ainda assim tem momentos especiais: quem não lembra de “eu quero te apertaaaar!?”.
Jason and the Argonauts
Don Chaffey, 1963
Aventura melhor do que Fúria de Titãs, este outro trabalho do mestre Harryhausen não tem estrelas no elenco, mas não deixa de produzir sequencias impressionantes: a batalha contra a hidra, a luta contra o gigante Talos e a melhor, em que o grupo liderado por Jasão enfrenta um exército de esqueletos. Isso em 1963. Chupa, Sam Raimi!
The Breakfast Club
John Hughes, 1985
John Hughes foi o maior gênio do cinema comercial norte-americano nos anos 80. Foi ele quem deu substância aos filmes para adolescentes, que se resumiam a comédias sexualizadas. O Clube dos Cinco foi o filme que mais entendeu os adolescentes da época. Foi um dos poucos que brincou com os estereótipos sem desrespeitar ninguém. E um elenco que conta com Ally Sheedy, Judd Nelson, Anthony Michael Hall, Emilio Estevez e a musa ruiva Molly Ringwald, todos ótimos, é de fazer inveja a qualquer um.
The Goonies
Richard Donner, 1985
No mesmo ano em que fez Ladyhawke, Richard Donner dirigiu apenas um dos maiores filmes de aventura da história do cinema. Um filme que conversa diretamente com a paixão das crianças por mistério, fantasia e adrenalina. Um filme delicioso de cabo a rabo, que possivelmente nunca vai ser igualado no imaginário pop e que tem a melhor música de Cyndi Lauper na trilha. Os irmãos Mikey (Sean Astin) e Brand (Josh Brolin) viriam a ser, respectivamente, o Sam da série O Senhor dos Anéis e o astro de Onde os Fracos Não Têm Vez e Milk.
Who’s Minding the Store?
Frank Tashlin, 1963
Há, pelo menos, outras cinco comédias de Jerry Lewis que poderiam estar nesta lista. Eu, inclusive, hoje, acho O Terror das Mulheres um filme bem superior, mas este aqui, que representa a carreira do astro, era meu favorito na época pela sequencia interminável em que Lewis – o maior do mundo no humor entre as décadas de 50 e 60 – se debate contra um aspirador de pó descontrolado que, literalmente, devora a loja onde ele trabalha. Clássico!
7 Faces of Dr. Lao
George Pal, 1964
Quando o estranho circo comandado por um chinês chega a uma pequena cidade no Oeste americano, nada mais será o mesmo. O encontro assustador com figuras mitológicas monstruosas, mais do que um episódio de suspense ou terror, é uma experiência transformadora. O último filme de George Pal coroa sua carreira no fantástico. Como se a história já não fosse única, o diretor caprichou no aspecto macabro, colocando Tony Randall para interpretar todos os personagens. O trabalho de transformação do ator, que está excepcional, levou o primeiro Oscar de maquiagem da história. Barbara Eden, a Jeannie (é um Gênio), faz a mãe do garoto que nunca nos deixa esquecer: “Dr. Lao, Dr. Lao”.
Ferris Bueller’s Day Off
John Hughes, 1986
Numa década tão desacreditada quanto os anos 80, este filme é uma pérola. Se O Clube dos Cinco foi o filme que entendeu os adolescentes, o dia de folga de Ferris Bueller é o filme adolescente mais inteligente já feito. O protagonista, um anarquista por excelência, conversa com o espectador e o convida para ser seu cúmplice em sua grande aventura (matar aula!). Genial! O elenco é um encontro de acertos: o espírito livre de Ferris ganhou na brilhante performance de Matthew Broderick, que deveria ter ganho o Oscar naquele ano (sério!), sua tradução perfeita. Do outro lado, seu amigo tímido (o ótimo Alan Ruck), sua namorada altiva (a ótima Mia Sara) e seu oposto complementar, o inspetor turrão, interpretação inesquecível de Jeffrey Jones. A cena em que Ferris canta Twist & Shout no meio do desfile talvez seja a mais antológica daquela década, os anos em que o gênio John Hughes foi majestade.
P.S.: tive que cortar pelo menos uns 30 filmes bons, mas não dava pra colocar todos, né? E agora aguardo, ansioso, a lista de vocês.
Essa é a primeira polêmica do bem que eu participo na blogosfera.Nem tudo está perdido.
Chico,acho que você vai ter que fazer uma lista II.Não esqueça do Simbad.
Inimigo meu, sem dúvidas, fez falta!
O segredo do meu sucesso.Michael J. Fox
Os anos 80 e 90 não só foram marcantes como trouxeram uma postura e uma visão de mundo que os jovens de hoje não tem acesso,infelizmente.Feliz de nós trintões que desfrutamos desses filmes maravilhosos que nos faziam viajar e sonhar. Todos os filmes comentados eu olhei,mas quando me lembro de como chorei no final de Algum lugar do passado,volto também a minha doce adolescência. Que saudade gostosa.valeu!
ADOREI a sua lista!!!!! Nasci em 1980 e, como quase sempre estudei pela manha, a Sessão da Tarde era minha baba!!!! hehehehe REalmente hoje em dia não tem mais sessão da tarde de verdade!!! Alias, lembrar dela da uma nostalgia, vontade de chorar tb, com saudades da infancia… mas ainda quero dizer que acertaste em cheio com CURTINDO A VIDA ADOIDADO em primeiro lugar!!! Acredito que o q o Ferris faz ainda é sonho de consumo pra mtos de nos marmanjos de sessão da tarde!!!!!!!!!!!!!
marcelo, creio que alguns dos filmes citados por você não sejam típicos de sessão da tarde, pois não são filmes que estreiaram no sessão da tarde e se repetiram dezenas de vezes no mesmo horário.
Eu acrescentaria “Os Heróis não Têm Idade” e “Bill & Ted – Dois Loucos no Tempo” 🙂
Acho que pra falar a verdade a lista ficou curta: Krull, Conta comigo, Te pego lá fora, Mulher nota mil, Em Algum Lugar do Passado, Raus de fogo, A Fortaleza, Top Gun, não poderiam ficar de fora, Quero ser Grande, Footlose. A propósito, Os Goonies deveria fica rcom o segundo lugar.
Lista muito boa, mas faltaram alguns fortes como “Os Caçadores da Arca Perdida”, de 1981, “Bladde Runner, O Caçador de Andróides”, de 1982, com
Harrison Ford (de “Guerra nas Estrelas” IV, V e VI), Rutger Hauer (de “Feitiço de Aquila”), Sean Young (de “Sem Saída”)
Edward James Olmos (de “O Preço do Desafio”), M. Emmet Walsh (de “Arizona Nunca Mais”), Daryl Hannah (de “Splash, Uma Sereia em Minha Vida” e “Jovens sem Rumo” – “Reckless”, com o Aidan Quinn) e “Vidas sem Rumo” de 1983 com o Ralph Macchio (de “Karatê Kid”), Matt Dillon (de “Drugstore Cownboy”), Patrick Swayze (de “Ghost” e “Dirty Dancing”), Tom Cruise (de “Jerry Maguire”), Rob Lowe (de “Uma Questão de Classe”), Emilio Estevez (de “O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas”), Sofia Copola (de “O Poderoso Chefão”), Tom Waits (de “Drácula de Bram Stoker”), Diane Lane (de “Ruas de Fogo”).
Apenas para lembrar, alguns filmes não são da década de 80, como o “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, que é de 1971.
Mas o mais importante de comparativo é o retrato de um perfil comum, que atualmente o cinema não alcança mais.