Que ninguém diga que eu não avisei, mas os cinco filmes que compõem esta lista são bons filmes – e todos eles foram assinados por autores de estirpe. Haneke, Tarantino, Kechiche, Del Toro e Jia Zhang-ke já nos brindaram com grandes títulos, mas eu realmente não comprei todo o amor que foi derramado sobre seus novos filmes. Entre falta “mojo”, soluções fáceis e fórmulas requentadas, estes são os cinco filmes que eu considero os mais superestimados entre os que estrearam em 2013 no Brasil.
5 Django Livre, Quentin Tarantino
Não existe uma grande cena em Django Livre. Uma daquelas sequências arrebatadoras de verdade que nos acostumamos a ver nos filmes de Quentin Tarantino. Se, ao longo de 20 anos, o cineasta mais influente de sua geração pariu pelo menos uma dezena de momentos de puro êxtase cinéfilo, seu novo trabalho traz, no máximo, cenas inspiradas, como a saída dos protagonistas do saloon ou o ataque da Ku Klux Klan. Talvez as regras do western tenham cerceado a liberdade do homem, talvez tratar de um tema como a escravidão tenha lhe dado inéditos pudores. O fato é falta uma coisa que sempre sobrou nos filmes dele: “mojo”.
4 Um Toque de Pecado, Jia Zhang-ke
Esse registro do incômodo é incômodo. As quatro histórias de violência, violência extrema, parecem operar sempre num tom a mais, como se o cineasta usasse esse excesso como forma de expressão, de manifesto, e isso, embora haja realmente um prolongamento da temática do cinema de Zhang-ke em Um Toque de Pecado, parece uma solução mais fácil para um cineasta que sempre conseguiu um nível de elaboração de discurso tão refinado quanto autêntico. A proposta de cinema deste autor já não se resolve mais nem nos planos-sequência de O Mundo, nem nas ruínas de Em Busca da Vida. Jia Zhang-ke encontrou uma nova maneira de expressar sua voz, mas que, pelo menos para mim, deixa saudade de outros tempos, menos explícitos, mais intuitivos.
3 Círculo de Fogo, Guillermo del Toro
É justamente a identificação que faz a plateia ter por quem torcer. E é justamente a torcida que gera empolgação. Círculo de Fogo precisava ter isso para funcionar. Não tem. Há referências para todos os lados, mas elas parecem se inserir nesse contexto de pouca sensibilidade em que o filme se coloca – e sua força se dilui radicalmente. A cena do “soco-foguete”, por exemplo, é rápida, sem muito destaque e fica prejudicada pelo cenário turvo que predomina no filme e que frustra quem queria ver belos efeitos visuais. As lutas tem momentos divertidos, mas no geral são tão metálicas quanto os robôs. E olha que o visual dos monstros, completamente despudorado, é de longe o que de melhor tem o filme.
2 Azul é a Cor Mais Quente, Abdellatif Kechiche
De uma forma geral, Azul é a Cor Mais Quente é muito bem filmado, mas a sensação é de que aquela é uma história ordinária, que já foi contada muitas vezes antes – e sob um foco parecido. Mesmo que seja baseado numa obra específica, o filme e seu cinema realista que decifra os personagens pela aproximação, que entende a vida como uma grande tragédia em movimento, não traz grandes novidades ao debate sobre o amor entre duas mulheres, sobre o amor entre duas pessoas, sobre o amor em si. Kechiche filma a grande tragédia da vida, os encontros e desencontros dos personagens, parando aqui e ali para se deixar seduzir pelo desejo. Será que sua intenção era realmente fazer algo novo?
1 Amor, Michael Haneke
A fórmula é de crueldade extrema, mas o tratamento gélido trata de oferecer dignidade à história e à maneira como a história está sendo contada. A personagem de Isabelle Huppert, a filha distante, em mais uma reprise de seus cacoetes, é desnecessário. Parece servir apenas para metabolizar o sofrimento. Haneke, mais uma vez, ainda que disfarce isso neste modelo de filme, tortura o espectador, enclausurado num apartamento, isolado entre quatro paredes, acompanhando velhinhos sofrerem. Amor não oferece a violência gratuita da maior partes dos filmes anteriores do cineasta, mas é tão manipulador quanto, sempre sobre a égide de mexer em temas delicados de forma “crua”.
Veja também os filmes mais superestimados de 2012, 2011, 2010 e 2009.
vou discordar quanto ao django livre. a cena do jantar na casa do di caprio é sensacional.
Django foi sensacional cara, e todas cenas de ação foram demais dizer oque do Waltz e o Samuel foi sensacional e discordo que ele seja superestimado, acho que merecia muito mais reconhecimento!
Django Livre é o melhor filme de anos. Sem querer ele disse muito mais sobre a escravidão do que qualquer filme focado no tema conseguiu fazer.
É a primeira vez que escrevo aqui, mas adoro cinema, então resolvi começar hoje. É impossível pra mim não gostar de Django Livre…eu adoro tudo que o Tarantino faz e detesto filme violento. Paradoxo? Não. É a forma como o filme é dirigido, os atores, o ritmo, o suspense, quase umas justiças injustas que se justificam. Acho que sempre vou gostar do Tarantino. è isso.
Azul é a cor mais quente considerei um bom filme, com excelente química entre as atrizes e pouco me influenciou a questão homossexual. O que me marcou no filme foi o amor daquelas meninas. Muito bom.
Amor é um filme difícil, principalmente para mim que já não sou tão jovem. É uma realidade que está ali o tempo todo nos lembrando que pode acontecer com qualquer um e isso é muito doido…mas eu gosto de filmes assim e gostei muito do desfecho da trama. Muito coerente, embora pouco aceitável pela maioria creio eu.
Os outros eu vou assistir.
Senti falta de O Som ao redor, a mais óbvia escolha dentre os superestimados pela crítica que tenta emplacar onda de ouro na leva nacional.
não acho django livre superestimado, na minha lista de filmes do tarantino ele ficaria em segundo, perdendo apenas para kill bill vol 1, já circulo de fogo eu também não gostei muito, para mim é um filme muito simples, parece que é feito para crianças de 3 a 10 anos hehehe,