Nesses tempos em que se discute e se exige direitos iguais para os gêneros e maior participação da mulher em todas as atividades, inclusive no cinema, sempre tem alguém que não entende muito bem o que está acontecendo. Michael Bay deve se achar um pioneiro em dar protagonismo para mulheres em filmes de ação. Vejamos o caso de Megan Fox, que o diretor apresenta como “pronta para o abate” já nas cenas iniciaus dos primeiros filmes da franquia que chega agora ao quinto filme. Seguindo a tradição, Transformers: O Último Cavaleiro tem uma mulher protagonista: a personagem tem uma importância fundamental para a trama, mas também é ponto cômico do filme e, em praticamente todas as cenas em que aparece, as piadas são sobre o fato de que ela ainda estar solteira. As sequências com as “tias” dela, tomando chá da tarde, são constragedoras.
Essa concepção ultrapassada – mulher precisa casar para ser feliz – até combina com um filme que vai e volta tanto no tempo para busca, justamente no passado, ideias para que a franquia continue. Depois do reboot não oficial que era Era da Extinção, em que todo o elenco da série foi trocado, Bay continua a explorar a ancestralidade dos autobots e decepticons na Terra, ligando os superrobôs à lenda do Rei Arthur, criando relações de ascendências e predestinações para amplificar a mitologia da série, introduzindo uma nova personagem que joga a trama para outro plano. Parte da ação deste filme, por sinal, se passa no planeta em que os robôs foram criados e que está morrendo, numa referência involuntária de Bay à própria franquia que comanda no cinema. A fórmula, completamente esgotada, parece definitivamente exaurida.
Caquéticos e sem criatividade, os transformers tiveram que mudar praticamente tudo. Os protagonistas foram dispensados sem aviso e só a dupla principal de robôs, Optimus Prime e Bumblebee, continua. A expansão do universo trouxe novos personagens, sobretudo novos robôs, e esse movimento de volta ao passado. Trouxe isso e muita pressa. O filme inteiro parece ser contado no fast foward. As cenas duram o exato diálogo entre os personagens, quando o corte não acontece antes. Há uma grande concentração de histórias para contar e algumas até vêm de boas ideias, mas a trama é toda triturada pela velocidade com que é contada. O resultado é a tradicional massaroca de metal contorcido de proporções gigantescas, mas que nunca consegue envolver o espectador. Nem Anthony Hopkins, grande novo nome do elenco, e seu robô-garçom CE3PO particular, funciona com tanta coisa voando em seu redor. E tem deixa pra mais um.
Transformers: O Último Cavaleiro
[Transformers: The Last Knight, Michael Bay, 2017]