A ingenuidade de Um Assunto de Meninas é seu maior trunfo. E seu maior problema também. A diretora Léa Pool conduz seu filme com delicadeza, contando as histórias de três adolescentes com problemas familiares que vivem num colégio interno. Mas falta alguma coisa. Falta um pouco de densidade para falar de assuntos tão sérios e tão enormes na vida de quem ainda não entrou na vida adulta. O belo trio de protagonistas se esforça para dar dignidade a suas personagens, mas empaca nos limites de seus potenciais de interpretação. Mischa Barton surge como uma promessa, mas se excede em expressões para causar pena. Ainda assim tem mérito. O roteiro abraça grandes temas, cria boas situações, mas peca ao recorrer a alguns clichês. O personagem de Graham Greene, o amigo exótico, é totalmente dispensável. O filme promete, mas nunca decola: mostra a vida que urge dentro de cada adolescente, mas esbarra num roteiro, que mesmo sendo sincero e simpático, parece ter saído das mãos de alguém que ainda não deixou o colegial.
Um Assunto de Meninas
[Lost and Delirious, Léa Pool, 2001]