[perdão porque errei]

Num primeiro prisma, apesar da opção pelos ambientes fechados, pela indução ao terror psicológico, Uma Mulher contra Hitler seria um filme bastante preguiçoso, burocrático, que se apóia basicamente na suposta força de sua protagonista – e de seu idealismo – e apaga qualquer possibilidade de criação para além do óbvio desenho de suas personagens, da bidimensionalidade de seus movimentos, na estrutura correta e nada mais.

Por mais que o diretor procure pontuar o filme com Sophie buscando sempre voltar os olhos para a luz que atravessa as janelas, que a distanciam da liberdade que perdeu, há pouca coisa realmente inventiva no trabalho de Marc Rothemund. A tensão só funciona plenamente, apesar da trilha sonora excessiva, na cena dos panfletos. De resto, não há nada que muitos filme, inclusive brasileiros, tivessem feito antes e melhor.

Numa segunda e mais generosa visão, o filme não é apenas um filme, mas uma expressão política, uma manifestação natural de um país em busca da reconstrução de uma imagem. Então, expurgar o passado é caminho para a redenção e Uma Mulher contra Hitler, ganha contornos mais maniqueístas e, por outro lado, mais ingênuos. As iniciativas de Sophie Scholl e de seus amigos servem menos como exemplo de humanismo e mais como autocomiseração. Num filme sem grandes atrativos, isso muito pouco.

[uma mulher contra hitler ]
direção: Marc Rothemund.
roteiro: Fred Breinersdorfer.
elenco: Julia Jentsch, Fabian Hinrichs, Gerald Alexander Held, Johanna Gastdorf, André Hennicke, Florian Stetter, Johannes Suhm, Maximilian Brückner, Jörg Hube, Petra Kelling, Franz Staber, Lilli Jung.
fotografia: Martin Langer. montagem: Hans Funck. música: Reinhold Heil e Johnny Klimek. desenho de produção: Jana Karen. figurinos: Natascha Curtius-Noss. produção: Fred Breinersdorfer, Sven Burgemeister, Christoph Müller e Marc Rothemund. site oficial:
uma mulher contra hitler. duração: 114 min. sophie scholl – die letzten tage, alemanha, 2005.

nas picapes: [between the bars, elliott smith]

Comentários

comentários

3 comentários sobre “[uma mulher contra hitler]”

  1. Uma mistura de Olga com Joana d’Arc. Fiquei esperando filme inteiro ela gritar que estava “grávida! Grávida de Luis Carlos Prestes”, hehehe…

    O encontro dela com os pais chega a ser patético…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *