Ken Russell nunca foi de se privar, mas em Viagens Alucinantes ele perde o último pudor. Mesmo sem o dinheiro e a tecnologia necessárias para materializar os devaneios quânticos-místicos-científ
William Hurt, excelente em sua estreia no cinema, viaja pelos estados de consciência desenhados pelo diretor em busca de uma espécie de primeira essência, que antecipa Malick em certo ponto, à medida em que se encontra num ponto anterior à ciência e à religião.
Suas transformações, algumas visualmente excelentes, também parecem antecipar elementos da obra de Apichatpong Weerasethakul, principalmente em sua coragem de assumir a forma imperfeita (isso vale para todo esse filme). Nessa viagem estética (que se perdeu com a evolução tecnológica) e filosofal (ainda bastante sólida), Ken Russell nos oferece um de seus filmes mais pretensiosos e, por isso mesmo, um dos momentos em que exerceu seu cinema de vanguarda com maios plenitude.
Viagens Alucinantes
[Altered States, Ken Russell, 1980]