Tim Burton em estado bruto, tanto na delimitação de seu universo quanto em sua manipulação. Na concepção visual, tudo o que veríamos ao longo de sua carreira está ali, rascunhado. Mas, quase em toda sua curta extensão, o filme nos mostra um Tim Burton mais genuíno, que assume a fábula para si e segue com ela até o fim, ao contrário de outros trabalhos, animações ou em carne-e-osso. Ao que parece, Burton diluiu a crença em seu espaço, que cada vez parece mais ralo com o passar do tempo. Aqui existe um projeto fechado, completo: a estrutura, clássica, com narração em off, off em poesia, num metafilme em homenagem a Vincent Price, narrador do curta, em que se acredita no que se está filmando. Hoje, me parece que Burton cada vez acredita menos.
Vincent
[Vincent, Tim Burton, 1982]
Uma das homenagens mais lindas que já vi. Gostei do termo “Tim Burton em estado bruto”, pois é bem por aí.