O novo filme do veterano Marco Bellocchio é maiúsculo em todos os sentidos. O cineasta elegeu uma história de bastidor que revela uma faceta secreta de Benito Mussollini e mostra como ele conseguiu entrar para a política. Bellocchio aposta no superlativo para falar da juventude do ditador italiano: conduz Vincere como uma ópera furiosa, com um uso excelente da trilha sonora e um talento inegável para reger os atores em cena. O filme assume o vigor do personagem como modelo narrativo. Na primeira meia-hora, os textos e as imagens de arquivo invadem a tela criando numa poesia brutal que quebra o classicismo do tom do longa. O impacto é fortíssimo.
A interpretação de Filippo Timi é impressionante, mas o filme muda de protagonista depois desta seqüência inicial. Com sua história estabelecida, Mussollini particamente sai de cena e Bellochio diminui o ritmo para criar planos belíssimos – e depois retomar sua marcha. Há uma cena em especial em que Ida, interpretada pela grande Giovanna Mezzogiorno, escala as grades do lugar onde está trancafiada. Giovanna assume as rédeas do filme depois que o ditador vira coadjuvante. A atriz, do belo e pouco conhecido O Último Beijo, tem uma das grandes performances do ano. Dor e força convivem numa interpretação que testa os limites do amor e da sanidade.
Vincere
[Vincere, Marco Bellochio, 2009]
Gosto muito desse filme, apesar do trauma que vivi na sessão dele no Festival do Rio (lembra dessa história?). A primeira metade é mesmo espetacular.
Pois é, Guy, esse filme é todo em CAIXA ALTA!
Eu acho que o cara que faz o Mussollini é coadjuvante, Marfil.
Da minha parte, quatro Alfreds: Ator, Atriz, Fotografia e Trilha Musical
Furiosíssimo, já na abertura maravilhosa.