[no pc]
[wolf creek – viagem ao inferno ]
direção: greg mclean.
Wolf Creek, 2006. Não sei se alguém já mapeou em que momento os filmes de suspense/terror se transformaram unicamente em filmes de psicopatas. A fotografia decente – embora não escape dos filtros, o que determina as “boas” fotografias de uns tempos pra cá – e a trilha correta não escondem como este filme é sobre lugares comuns, ainda que lugares ermos. A fórmula usada pelo diretorzinho, que, convenhamos, consegue fazer um filme limpinho, é a mesma de sempre – estranhos em busca de diversão que vão parar nas mãos de um psicótico -, mas encontra um interessante empecilho para sua apropriação: o timing estranho e a estrutura da narrativa. A ação propriamente dita se concentra nos cerca de 40 minutos finais, o que deixa mais da metade do filme sem exatamente um propósito a não ser introjetar os três protagonistas numa Austrália profunda. Essa quebra do padrão atual, da ação ininterrupta, me fez não classificar o longa como um Jogos Mortais vai ao deserto. Mas isso não chega a ser um mérito já que a estrutura, mesmo que ainda que seja surpreendente, parece equivocada – e bastante previsível.
Com John Jarratt, Cassandra Magrath, Andy McPhee e Nathan Phillips.
Pior do que esse, somente “O Albergue” O pior de tudo é que gastei dinheiro com os dois longas no cinema!!!
Mas muitas fotografias têm essa preocupação, para parecerem reais: isso é quase uma regra hoje em dia. Veja “Syriana”, por exemplo. Câmera mais rígida é exceção.
Confesso ainda não ter conhecimento para julgar tanto a fotografia por partes técnicas (na própria parte de filtros, ainda sou uma negação – mas tento sempre aprender), mas vejo uma grande diferença na criação de imagens a partir de cores e iluminação em O ALBERGUE, JOGOS MORTAIS, etc, do que em WOLF CREEK, que diria, tem uma fotografia não desleixada, mas que trabalhou para assim parecer.
Abraços;
Olha, Henrique, acho que o filme até se aventura bem na criação de expectativa, como na cena onde surge o caminhão, mas isso se perde depois. Não acho mesmo a fotografia amadora em momento algum. Cores são estudadas e até mesmo criadas com os filtros; quadros são planejados e a câmera trêmula é quase obrigatória hoje em dia. Não vejo amadorismo nisso.
Curiosamente, revi o WOLF CREEK há algumas semanas, e ele continuou me fascinando. Gosto muito da forma com que ele se distancia de ser um filme “com história”, para ser um filme em que se busca sensações. Existe um trabalho de expectativa incrível, em que atentos ao gênero, esperamos uma espécie de A CASA DE CERA, por exemplo, e nada acontece, os protagonistas estão se divertindo, enquanto a gente raciocina o estranhamento de que na verdade, eles deveriam estar sendo degolados, picotados, multilados. O filme guarda tão bem seu momento de violência e brutalidade, que quando ele chega, se torna intenso como nenhum filme conseguiu ser desde O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA original, eu acho. E aí amigo, é tensão a todo momento, e cenas maravilhosamente construidas, com o pavor estampado na tela. Com relação a fotografia, acredito que o filme anda numa contra-mão do atual, e faz uma fotografia beirando o amadorismo, como buscando se aproximar de um tom realista. Dá para fazer um grande ensaio sobre o filme, abordando a forma com que ele trata o instinto humano de sobrevivencia, de ajuda e salvação. Nada traduz tão bem os sentimentos de alivio e desespero como a morte da loirinha.
Abraços Chico;
Eu gostei do filme. Ele provocou em mim umas intoxicações.