Este filme boliviano foi a maior surpresa do cinema sul-americano nos últimos anos. A primeira impressão é de que o longa esbarraria em suas próprias pretensões: todas as cenas são filmadas em plano-sequência, sem cortes e com movimento, retratando cenas do cotidiano de uma família que mora numa mansão num bairro rico de La Paz. Os personagens parecem estereotipados, mas o roteiro se revela aos poucos, num exercício de sutileza, que, a cada cena, elege um ponto de partida para examinar a situação política do país, mas sem nunca colocá-la em primeiro plano. Essa narrativa circular, inteligente, justifica o projeto estético que se revela um projeto de linguagem. Filmaço.
[Zona Sur, Juan Carlos Valdivia, 2009]