Eu nunca fui fã do livro, o primeiro que eu li na aula de Literatura. Joaquim Manuel de Macedo fez uma obra ingênua e adolescente sem a tragédia clássica do romantismo brasileiro. Não é um livro que fique. Mas esta película é um dos maiores acintes da história das adaptações literárias pelo cinema nacional. Na ânsia de ser popular, o diretor resolve transformar a pueril história de amor e reencontro num pastelão sem classe. As piadas são muito ruins, mas ainda perdem para os atores. Imagine um filme onde Sônia Braga contracena com David Cardoso e Carlos Alberto Riccelli? E mais: eles se arriscam em números musicais e coreografias desajeitadas. Brincadeira, né? Mas a pior coisa é a dona Violante de Lúcia Mello, uma personagem histriônica, irritante e, o pior, sem graça. A cena dos escravos bêbados é de correr pra longe da tela. A direção de arte tenta ser caprichada, mas só consegue provocar risos, como na sucessão de tons de rosa dos vestidos das moças no baile. Pior que isso só as perucas, que parecem estar vivas, e sào usadas por todos os atores brancos – acho que escravo não tinha direito de usar peruca naquela época. Elas são as verdadeiras estrelas deste filme-catástrofe.

A Moreninha Estrelinha
[A Moreninha, Glauko Mirko Laurelli, 1971]

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