A Dama de Shangai EstrelinhaEstrelinhaEstrelinha½
[The Lady from Shangai, 1947, EUA, direção de Orson Welles]Há alguns hiatos na montagem que o harmonizam com o conjunto dos filmes noir. Rita Hayworth está luminosa no papel, mas quem dá um banho é Everett Sloane, que traz um personagem indefinível. Welles, cercado dos colaboradores habituais, mantém sua assinatura fresca. E a cena mais famosa ? a da sala de espelhos – é, com o perdão da obviedade, de uma competência assombrosa, típica de gente que deixou o nome escrito na história da arte.

Grande Hotel EstrelinhaEstrelinhaEstrelinha
[Grand Hotel, 1932, EUA, direção de Edmound Goulding]

Bem melhor do que o esperado, com edição bem eficiente, bom desenvolvimento dos personagens (e boa direção de atores), e uma fotografia calculada, apesar de desperdiçar as muitas possibilidades do cenário por quase não explorar a profundidade. O destaque do elenco é Joan Crawford, que dá um banho na caricatura sem expressão de Greta Garbo, que diz aqui uma das frases mais famosas do século vinte: “I want to be alone”.

Jalla, Jalla EstrelinhaEstrelinha
[Jalla, Jalla!, 2001, Suécia, direção de Josef Fares]

Uma bobagem com raríssimos momentos realmente relevantes, que mais uma vez explora o tema recorrente e desgastado no cinema atual de casamentos arranjados.

Medéia EstrelinhaEstrelinha
[Medea, 1967, Itália, direção de Pier Paolo Pasolini]

Pasolini e seus atores sem talento. O esplendor visual da fotografia e dos figurinos desta adaptação da tragédia de Eurípedes se perde no limitado poder de interpretação da diva Maria Callas e de seus coadjuvantes. No entanto, o que mais incomoda é que o filme sofre com os problemas sérios de roteiro, com buracos grotescos e repetições assustadoras (a seqüencia da vingança de Medéia se repete inexplicavelmente com desfechos e diálogos diferentes. Isso era proposital? Eu achei lastimável).

A Promessa EstrelinhaEstrelinhaEstrelinha½
[The Pledge, 2003, EUA, direção de Sean Penn]

Trabalho mais que correto de Sean Penn atrás das câmeras (o episódio de 11 de Setembro continua sendo sua melhor direção), com um Jack Nicholson que, cada vez mais se mostra pronto para assumir a velhice. A multidão de bons atores se perde um pouco em pequenos papéis, mas há momentos memoráveis como a visita à psicóloga interpretada por Helen Mirren. O maior trunfo do filme é justamente desviar o foco inicial para um desfecho inesperado e trágico.

Umberto D. EstrelinhaEstrelinha½
[Umberto D., 1951, Itália, direção de Vittorio De Sica]

O velhinho protagonista poderia ser melhor. Sua frágil interpretação, num filme que conta a história de seu personagem, enfraquece o monumental poder de narração de Vittorio De Sica. Ícone dos filmes sobre a velhice, perde feio para Morangos Silvestres (Ingmar Bergman, 57) e o recente As Confissões de Schmidt (Alexander Payne, 02). Ainda assim, De Sica, com a habilidade usual, passeia por uma Roma sem esperanças, menos bonita, mais real.

Zelig EstrelinhaEstrelinhaEstrelinha½
[Zelig, 1983, EUA, direção de Woody Allen]

Uma revisão revela que o pseudo-documentário de Woody Allen é muito mais poderoso do que se insinua. O diretor constrói um padrão de reconstrução da realidade, que viria a ser usado novamente com o aval do Oscar em Forrest Gump (Robert Zemeckis, 94), com exímia desenvoltura na concepção de fotografia e edição. O filme tem um texto inteligente e ainda traz as valiosas intercessões de intelectuais do porte de Susan Sontag.

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