NUM CÉU AZUL ESCURO

Segunda Guerra Mundial. Céu azul, dois amigos quase irmãos, rivais pelo amor da mesma mulher. Pearl Harbor, né? Não, não. O filme em questão chama-se Num Céu Azul Escuro e foi dirigido por um diretor checo. Mas Jan Sverák não é um checo qualquer. É um checo com espírito de norte-americano. E isso, para alguns, pode parecer uma vantagem. Sverák namora o cinema dos Estados Unidos desde que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1996, pelo drama de criancinha órfã Kolya, um filme bem simpatiquinho. O cineasta trabalha com roteiro do papai Zdenek, famosão por suas escritas e ator também ¿ ele é o protagonista adulto do filme oscarizado do filho, filme que escreveu.

Mas o senhor Svérak não se satisfaz sendo um checo. Ele quer muito, muito mesmo ser norte-americano. Adora o american way of filmaking e faz questão de deixar isso bem claro nos seus filmes. Desta vez, ele conseguiu muito, mas muito dinheiro mesmo para fazer uma megaprodução e concorrer ao Oscar de novo. Agora, quem sabe disputaria na categoria principal. Num Céu Azul Escuro é um filme em tom épico (disfarçado de pequeno drama pessoal), com um roteiro pronto para agradar homens (há muitas cenas aéreas, com aquelas conversas técnicas sobre aviões e estratégia militar) e mulheres (há um complicado caso de amor a três envolvendo dois amigos e uma mulher). Sverák, o filho, e Sverák, o pai, conduzem de uma maneira magistralmente maniqueísta seu roteiro, explorando o azul da fotografia em cada cena, tentando esconder os óbvios clichês do texto atrás de uma frágil parede de épico interior. Não passa de um Pearl Harbor feito do outro lado do Atlântico.

Num Céu Azul Escuro
Tmavomodrý Svet, República Checa / Grã-Bretanha / Alemanha / Dinamarca / Itália, 2001
Direção: Jan Sverák.
Elenco: Ondrej Vetchý, Krystof Hádek, Tara Fitzgerald, Charles Dance, Oldrich Kaiser, David Novotny, Linda Rybová, Jaromír Dulava, Lukás Kantor, Radim Fiala, Juraj Bernáth, Miroslav Táborský, Hans-Jörg Assmann, Thure Riefenstein, Anna Massey, Jan Sverák, Zdenek Sverák.
Roteiro: Zdenek Sverák. Produção: Eric Abraham e Jan Sverák. Fotografia: Vladimír Smutný. Edição: Alois Fisárek. Direção de Arte: Jan Vlasák. Figurinos: Vera Mirová. Música: Ondrej Soukup.

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