PASSION

Todo filme deveria contar uma história, mas Jean-Luc Godard tem problemas muito maiores para perder tempo com uma bobagem como esta. Agora que seus filmes voltam em massa para os cinemas brasileiros, isso fica mais evidente mais uma vez. O cineasta do maravilhoso Acossado (59, maravilhoso provavelmente por causa do argumentista François Truffaut) é um dos cinco nomes chaves da nouvelle vague, o movimento francês que mudou o cinema. Começou revolucionando tudo: narrativa, linguagen, edição. Tomou tanto gosto que tenta se superar a cada filme desde então. Nos anos 60 e 70, isso era cumprir seu dever, mas Godard chegou aos 80, aos 90, ao século 21.

Passion, de 1982, é um exemplo do quanto o franco-suíço é talentoso em tecer elaborados diálogos consigo mesmo. O filme deveria mostrar as dificuldades de um cineasta em rodar um filme sobre grandes mestres da pintura. Deveria. Hermético, teatral e exageradamente masturbatório, o filme de fecha num conjunto de códigos que nem o espectador mais esperto deveria perder tempo em decifrar. A mania onanista de Godard conversar consigo mesmo desperdiça Isabelle Huppert, Hanna Schygulla e Michel Piccoli. E isso ninguém merece.

Passion
Passion, França/Suíça, 1982
Direção, Roteiro e Edição: Jean-Luc Godard
Elenco: Isabelle Huppert, Hanna Schygulla, Michel Piccoli, Jerzy Radziwilowicz, László Szabó, Jean-François Stévenin, Patrick Bonnel, Sophie Lucachevski, Barbara Tissier, Magali Campos, Myriem Roussel, Serge Desarnanos, Ági Bánfalvi, Ezio Amrosetti, Manuelle Baltazar, Sarah Cohen-Sali, Sarah Beauchesne, Bertrand Theubet.
Produção: Armand Barbault, Catherine Lapoujade e Martine Marignac. Fotografia: Raoul Coutard. Direção de Arte: Jean Bauer e Serge Marzolff. Música: Antonín Dvorák, Gabriel Fauré, Léo Ferré, Wolfgang Amadeus Mozart, Maurice Ravel e Ludwig van Beethoven. Figurinos: Christian Gasc e Rosalie Varda.

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