O primeiro filme em inglês do italiano Matteo Garrone é uma fantasia clássica que amarra três contos morais retirados do livro Pentamerone, do escritor italiano Giambattista Basile, sobre abusos de poder de três monarcas diferentes. Salma Hayek, Toby Jones e Vincent Cassel colhem os frutos de suas obsessões numa produção de época ambiciosa, cheia de efeitos visuais – alguns bons, outros nem tanto – que evoca um cinema às antigas. É curioso notar a escolha de Garrone, que sempre lidou com temas mais sérios e atuais em seus filmes (Gomorra é sobre a máfia e Reality sobre um homem comum encantado com a possibilidade de virar celebridade). O problema é que durante todo o filme o cineasta, que se disse atraído pela possibilidade de contar fábulas mais cruas, nunca se mostra totalmente à vontade em entrar por este universo. E, além disso, se as histórias remetem a tramas clássicas, os contos com lição de moral parecem bem ingênuos para os dias de hoje. As tramas e as soluções de roteiro são bem óbvias e nenhum ator está especialmente bem nos papéis. A cena do escafandro, com direito a um “monstro do lago” é uma das melhores, remetendo diretamente a Fritz Lang em Os Nibelungos: A Morte de Siegfried.
O Conto dos Contos ½
[Il Racconto dei Racconti, Matteo Garrone, 2015]
Vi no Festival do Rio ano passado, com muita expectativa, pelo diretor e pelo elenco. Não me arrancou suspiros. Quero me dar uma nova chance.