A temporada estendida de premiações de cinema de 2020 chega à reta final nesta segunda-feira com o anúncio dos indicados ao Oscar. Foi um ano tumultuado e cheio de elementos novos que somente com a lista revelada saberemos do real impacto para a festa da Academia. Por conta da pandemia do coronavírus, cinemas do mundo todo fecharam por meses e muitos filmes que poderiam ser players importantes na temporada foram adiados, caso de Duna, de Denis Villeneuve, e Amor, Sublime Amor, de Steven Spielberg. E a temporada em si também mudou. O Oscar, tradicionalmente realizado em fevereiro, vai acontecer no final de abril e o período de elegibilidade foi ampliado de até dezembro para até fevereiro, esperando lançamentos grandes que terminaram não vindo. Aos poucos, e por vias tortas, filmes mais independentes começaram a dominar prêmios e indicações de críticos e até da indústria e as minorias ganharam um espaço até então inédito.
Pela primeira vez, temos chances de ter duas mulheres na lista de melhores diretores do Oscar. Possivelmente até três. Novamente um filme falado em coreano está nas conversas, mas desta vez ele foi feito nos Estados Unidos e pode entrar em algumas categorias de atuação, num ano em que há vários atores e atrizes não brancos com chances de indicação. O Bafta foi ainda mais além, nem esperou o que a temporada ofereceria, mudou radicalmente as regras para incluir mais diversidade e trouxe uma lista de indicados surpreendente, incluindo minorias e deixando barbadas de fora. Chacoalhou, mas não deve influenciar tanto o Oscar porque anunciou seus finalistas na terça e a votação da Academia terminou já na quarta. E isso é uma informante determinante na corrida. Por conta do reajuste de datas da temporada, os indicados dos tradicionais sindicatos de produtores, diretores e fotógrafos, geralmente influências fortes para as indicações, saíram no finalzinho do período de votação do Oscar. O sindicatos do editores só anunciou depois. Isso quer dizer que, este ano, o Globo de Ouro e o Critics Choice, que anunciaram indicados e premiados antes, e o SAG, sindicato dos atores, que já tinha revelado seus finalistas, podem ou devem ter uma influência ainda maior no processo.
Siglas importantes:
PGA – PRODUCERS GUILD OF AMERICA – sindicato dos produtores
DGA – DIRECTORS GUILD OF AMERICA – sindicato dos diretores
SAG – SCREEN ACTORS GUILD – sindicato dos atores
WGA – WRITERS GUILD OF AMERICA – sindicato dos roteiristas
ASC – AMERICAN SOCIETY OF CINEMATOGRAPHERS – sindicato dos diretores de fotografia
ACE – AMERICAN CINEMA EDITORS – sindicato dos montadores
ADG – ART DIRECTORS GUILD – sindicato dos diretores de arte
CDG – COSTUME DIRECTORS GUILD – sindicato dos figurinistas
MUAH – MAKE-UP ARTISTS AND HAIRSTYLISTS GUILD – sindicato dos maquiadores e cabeleireiros
AFI – AMERICAN FILM INSTITUTE
Paralelamente, a indústria e os filmes mais tradicionais são representados nesta temporada pelos serviços de streaming, sobretudo a Netflix, que deve emplacar pelo menos três indicados a melhor filme com apostas menos arriscadas do que um filme de três horas de Martin Scorsese e um longa em espanhol, em preto-e-branco e sem atores conhecidos. Aaron Sorkin, David Fincher, Spike Lee acharam abrigo nos streamings e até o último representante dos estúdios ainda competitivo na temporada, o filme de Paul Greengrass, foi parar na Netflix. Nesta segunda-feira, vamos descobrir se o ano é das mulheres e das minorias ou dos streamings — ou possivelmente as duas coisas. A partir das 10h19, Nick Jonas e Priyanka Chopra vão anunciar os indicados ao Oscar e eu e a Cris Lumi vamos acompanhar ao vivo no instagram do Cinema na Varanda (@cinemanavaranda). Juntem-se a nós. É a reta final da mais longa temporada da história. Vamos às apostas.
FILME
A maneira como chegamos a esta reta final coloca Nomadland, o mais respeitado e premiado da temporada, e Os 7 de Chicago, o mais lembrado pelos prêmios de indústria, como os candidatos mais fortes e, por isso mesmo, os mais sólidos na disputa de melhor filme. O longa de Aaron Sorkin conseguiu indicações de todos os sindicatos mais influentes (PGA, DGA, SAG, WGA, ACE, ASC), já o de Chloe Zhao, que não era elegível para o WGA (precisa ser sindicalizado) e não foi finalista de elenco no sindicato dos atores (a maioria do cast é de amadores), tem uma ampla vantagem em número de prêmios de críticos, levando, inclusive, o Globo de Ouro e o Critics Choice em filme e direção. Minari tem feito um desempenho muito sólido e está crescendo, assim como Bela Vingança, o que é importante neste momento da temporada. Mank e A Voz Suprema do Blues perderam um pouco de força nos últimos tempos, mas foram bastante lembrados por críticos e sindicatos, parecem apostas boas. Uma Noite em Miami é o mesmo caso, mas numa escala menor. Mas o filme dialoga com muitas das narrativas do ano: dirigido por uma mulher, sobre figuras históricas negras importantes. Seu lugar me parece assegurado. Judas e o Messias Negro tem um dos crescimentos mais significativos desta reta final e parece um filme importante o suficiente para animar a Academia. O Som do Silêncio ainda é o mais frágil, mas tem se mostrado muito respeitado pela indústria, com indicações ao PGA e DGA (em diretor estreante).
minhas apostas
Nomadland (Searchlight)
PGA + DGA + ACE + ASC + Globo de Ouro drama + Bafta + Critics Choice + AFI
Os 7 de Chicago (Netflix)
PGA + DGA + SAG + WGA + ACE + ASC + Globo de Ouro drama + Bafta + Critics Choice + AFI
Minari (A24)
PGA + DGA + SAG + ACE + Globo de Ouro estrangeiro + Critics Choice + AFI
Bela Vingança (Focus)
PGA + DGA+ WGA + ACE + Globo de Ouro drama + Bafta + Critics Choice
Judas e o Messias Negro (Warner)
PGA+ WGA + AFI
Mank (Netflix)
PGA + DGA + ACE + ASC + Globo de Ouro drama + Critics Choice + AFI
A Voz Suprema do Blues (Netflix)
PGA + SAG+ WGA + Critics Choice + AFI
Uma Noite em Miami (Amazon)
PGA + DGA (estreia) + SAG+ WGA + Critics Choice + AFI
O Som do Silêncio (Amazon)
PGA + DGA (estreia)+ WGA + ACE + Critics Choice + AFI
alternativa 1: Meu Pai (Sony)
Globo de Ouro drama + Bafta
alternativa 2: Relatos do Mundo (Universal)
WGA + ASC + Critics Choice
alternativa 3: The Mauritanian (STX Films)
Bafta
azarão: O Destacamento Blood (Netflix)
SAG + Critics Choice + AFI
Dos 43 filmes indicados à categoria principal do Oscar nos últimos cinco anos, 40 passaram antes pelo teste do PGA. Ou seja, tem muita chance de que a lista de indicados seja a mesma, com a exceção de um ou dois (já que no PGA são dez e no Oscar geralmente oito ou nove). E, dos indicados deste ano, somente Borat: Fita de Cinema Seguinte parece uma indicação mais improvável ao Oscar. No entanto, às vezes acontecem surpresa: dos anos recentes, O Destino de uma Nação (que é inglês e pode ter ficado de fora por isso), Trama Fantasma (uma entrada tardia na temporada dele) e O Quarto de Jack (talvez muito independente para um prêmio da indústria) chegaram ao Oscar sem o aval do PGA. Que filmes poderiam furar esse bloqueio este ano? Meu Pai certamente tem chances já que é inglês, tem Anthony Hopkins e Olivia Colman e muito respeito. Relatos do Mundo ainda é uma representante de um cinema tradicional, mas será que isso dá um fôlego que ele não parece ter? Não entrar na lista do PGA foi cruel. The Mauritanian entrou no Bafta de melhor filme e teve duas indicações (e um prêmio) ao Globo de Ouro. Pode ser suficiente? Destacamento Blood é Spike Lee, mas também é Netflix, que já tem três títulos fortes na disputa. Será?
DIREÇÃO
Entre os diretores, as coisas parecem mais fechadas, mas com alguns nomes bem fortalecidos. Como comentamos no Cinema na Varanda ao longo da temporada, as chances de termos duas ou mais mulheres indicadas é enorme. Tudo começou lá atrás, com o Gotham indicando a melhor filme (eles não têm categoria de direção) 5 longas dirigidos por mulheres (do qual apenas Chloe Zhao e seu Nomadland terminaram com chances reais na corrida). Mas a tendência foi sacramentada pelo Globo de Ouro e Critics Choice com três mulheres na direção (Zhao e mais Emerald Fennell e Regina King). O Bafta, com seu novo processo de seleção priorizando a diversidade, indicou 4 mulheres em 6 vagas no total. Mas não foram os nomes mais fortes pro Oscar. Zhao ganhou a companhia de Jasmila Zbanic (Quo Vadis, Aida?), Sarah Gavron (Rocks) e Shannon Murphy (Dente de Leite). Apesar de tudo, a quantidade de nomes femininos é bem estimulante e a temporada percebeu isso. Fora isso, Chloe Zhao é uma frontrunner absoluta com mais de 40 vitórias na temporada. Deixa qualquer um no chinelo.
No entanto, quando chegamos ao DGA, somente duas diretoras foram indicadas à categoria principal (Zhao e Fennell, com David Fincher, Aaron Sorkin e Lee Isaac Chung completando a lista). Regina King se juntou a Radha Blank entre os estreantes (com Darius Marder, Florian Zeller e Fernando Frías de la Parra). Mas vamos às estatísticas: nos últimos cinco anos pelo menos um dos cinco nomes (uma vez, dois) indicados ao DGA não consegue dobrar a indicação no Oscar. Zhao é a mais segura. Pra Fennell, o fato de não ser lembrada pelo DGA como estreante estranha um pouco, mesmo presente na categoria principal (em outros anos, Bradley Cooper e Jordan Peele tiveram indicações dobradas), mas tanto ela quanto Chung estão em ascensão e conversam com o que a temporada tem desenhado. David Fincher e Aaron Sorkin são indicações mais tradicionais e, por isso mesmo, podem ser mais frágeis no contexto do ano. No final das contas, se for pra um deles perder espaço aqui, o que vai contar mais, experiência ou momento? O Oscar já preparou algumas surpresas nesta categoria. Há dois anos, eliminou Martin McDonagh e Peter Farrelly que estavam entre os frontrunners (o filme de Farrelly ganhou o Oscar principal, mas isso a gente não gosta de lembrar). E chamou pra festa Yorgos Lanthimos e Pawel Pawlikowski, dois estrangeiros em filmes mais autorais.
Ou seja, parece que Sorkin e Fincher estão mais vulneráveis, mas Fincher tem mais nome como diretor e certamente mais fãs e, nesta categoria, o Oscar muitas vezes prefere escolhas mais técnicas e Fincher é mais técnico e em Mank isso é bastante visível. Então, Os 7 de Chicago, um virtual favorito a melhor filme, pode não ter o diretor indicado? Hello, Ben Affleck e Peter Farrelly, né? Se isso acontecer, abre espaço para… quem? Uma boa aposta é Regina King, que foi lembrada como estreante, seria a primeira mulher negra indicada nesta categoria, faz muito sentido nesta temporada. Mas pode também ser a chance que Darius Marder precisa (ele pode ser o Benh Zeitlin ou Lenny Abrahamson do ano, filmes pequenos, mas respeitados). Vejo muito amor por este filme. No entanto, tem sempre a possibilidade de escolhas mais tradicionais. Florian Zeller, também indicado como estreante pelo DGA; Shaka King, cujo filme tem ficado mais forte; ou Thomas Vintenberg, que foi indicado ao Bafta, vem crescendo nas apostas e pode ser aquela indicação estrangeira surpresa, como aconteceu com Pawlikowski.
minhas apostas
Chloé Zhao (Nomadland)
DGA + Globo de Ouro + Critics Choice + Bafta
Emerald Fennell (Bela Vingança)
DGA + Globo de Ouro + Critics Choice
Lee Isaac Chung (Minari)
DGA + Critics Choice + Bafta
David Fincher (Mank)
DGA + Globo de Ouro + Critics Choice
Regina King (Uma Noite em Miami)
DGA estreante + Critics Choice
alternativa 1: Aaron Sorkin (Os 7 de Chicago)
DGA + Globo de Ouro + Critics Choice
alternativa 2: Darius Marder (O Som do Silêncio)
DGA estreante
alternativa 3: Thomas Vintenberg (Druk – Mais Uma Rodada)
Bafta
azarão: Shaka King (Judas e o Messias Negro)
ATOR
As mudanças que o Bafta implementou para aumentar a diversidade entre seus indicados terminaram dando à premiação inglesa uma maior identidade, mas afastaram muito a condição de termômetro ou “reprise antecipada” do Oscar. O Bafta indicou muita gente fora do radar da Academia, o que diminui incrivelmente a possibilidade de listas parecidas. Na categoria de melhor ator, Chadwick Boseman, Anthony Hopkins e Riz Ahmed mantiveram sua condição de nomes fortes. Somente os três são finalistas ao Globo de Ouro, SAG, Critics Choice e Bafta, o quarteto de ouro pré-Oscar. Parecem consolidados para uma indicação: os três filmes foram muito bem recebidos, Boseman tem a comoção por sua morte a favor de sua candidatura e os outros dois estão em filmes que chegaram bem à reta final da campanha. As duas vagas restantes, que já eram as mais indefinidas, não ganharam muita luz da terra da Rainha.
A princípio, Gary Oldman, Steven Yeun e Delroy Lindo pareciam os principais candidatos, com vantagem para os dois primeiros. Oldman, além de ser mais famoso e mais respeitado, está nas listas do SAG, Globo de Ouro e Critics Choice e Yeun, que muita gente conhece de The Walking Dead, foi lembrado por este último e pelo sindicato. Lindo, que parecia entrar na categoria “ignorei por 30 anos, agora vou indicar”, só apareceu no Critics Choice, apesar de ter sido o primeiro favorito da categoria. Tahar Rahim, no entanto, já tinha tido uma indicação surpresa ao Globo de Ouro, reforçada agora por uma indicação ao Bafta, mas The Mauritanian não parece ter tido uma repercussão tão grande nos EUA. Será que um ator estrangeiro, desconhecido para grande parte dos votantes, poderia ter chances? Talvez num combo com Jodie Foster, que terminou ganhando o Globo de Ouro de coadjuvante. O Bafta terminou incluindo Mads Mikkelsen, por Druk e o filme parece estar num momentum. Antes mesmo de acontecer a indicação, o filme já começou a aparecer como possível indicado em algumas categorias. Mikkelsen interpreta em dinamarquês, mas o filme se provou muito popular e ele, que já fez muitos filmes em Hollywood, é um rosto conhecido. Não é impossível.
minhas apostas
Chadwick Boseman (A Voz Suprema do Blues)
SAG + Globo de Ouro + Critics Choice + Bafta + Spirit
Riz Ahmed (O Som do Silêncio)
SAG + Globo de Ouro + Critics Choice + Bafta + Spirit
Anthony Hopkins (Meu Pai)
SAG + Globo de Ouro + Critics Choice + Bafta
Steven Yeun (Minari)
SAG + Critics Choice + Bafta + Spirit
Gary Oldman (Mank)
SAG + Globo de Ouro + Critics Choice
alternativa 1: Delroy Lindo (O Destacamento Blood)
Critics Choice
alternativa 2: Tahar Rahim (The Mauritanian)
Globo de Ouro + Bafta
alternativa 3: Mads Mikkelsen (Druk – Mais Uma Rodada)
Bafta
ATRIZ
Uma das maiores vítimas das mudanças no Bafta foi Carey Mulligan. Ela se tornou a frontrunner na categoria junto com Frances McDormand, mas como sua adversária já tem dois Oscars (e um deles é bem recente), Mulligan parecia a caminho da vitória. Não ser indicada para um prêmio britânico (ou seja, estava em casa) foi bem surpreendente, mas entendível com a transição do Bafta. Mulligan já tinha perdido o Globo de Ouro para Andra Day, o que deixa a corrida ainda mais saborosa, mas com Bela Vingança tão lembrado e reconhecido na temporada, e sendo um filme feminista que trata de abuso e assédio sexual numa veia popular, acho meio impossível ignorarem sua protagonista. Além dela e de Frances, que ganhou dezenas de prêmios e está no “filme do ano”, Viola Davis também parece uma aposta segura. Excelente no papel, respeitada na Academia, num filme que tem Chadwick Boseman como motor, é uma indicação até fácil de se prever. Por fim, Vanessa Kirby continuou mesmo quando seu filme começou a perder o efeito. Ela e McDormand são as únicas que tiveram indicações a SAG, Globo de Ouro, Critics Choice e Bafta, o que parece deixar as coisas confortáveis para ela, que, além de tudo, tem uma interpretação classificada de tour-de-force.
A vaga final estava bem em aberto e com várias possíveis candidatas: Sophia Loren, retornando ao cinema depois de anos, seria uma bela isca para o Oscar, mas o filme não empolgou; Amy Adams, uma eterna favorita, deu sorte de estar no papel errado no filme errado. Concorre ao SAG, mas tinha chances reais de parar na lista do Framboesa de Ouro. Escapou, mas acho que o Oscar escapou das mãos dela também. Zendaya, que acabou de ganhar um Emmy, chegou num filme que mostra que ela é realmente talentosa, mas que não causou tanto quanto prometia. Foi finalista no Critics Choice, mas morreu nisso. Michelle Pfeiffer não aconteceu e Nicole Beharie ficou num looping low profile eterno e não saiu muito do lugar. Sobrou quem? Andra Day. Ganhou o Globo de Ouro de surpresa, interpreta um ícone americano, Billie Holiday, e mesmo que seu filme não tenha saído muito desta categoria, ela parece a opção mais sólida.
minhas apostas
Carey Mulligan (Bela Vingança)
SAG + Globo de Ouro + Critics Choice
Frances McDormand (Nomadland)
SAG + Globo de Ouro + Critics Choice
Viola Davis (A Voz Suprema do Blues)
SAG + Globo de Ouro + Critics Choice
Vanessa Kirby (Pieces of a Woman)
SAG + Globo de Ouro + Critics Choice
Andra Day (The United States vs. Billie Holiday)
Globo de Ouro + Critics Choice
alternativa 1: Amy Adams (Era Uma Vez Um Sonho)
SAG
alternativa 2: Sophia Loren (Rosa e Momo)
alternativa 3: Zendaya (Malcom & Marie)
Critics Choice
ATOR COADJUVANTE
É interessante como a temporada se movimenta. Paul Raci começou ganhando tudo nesta categoria, mas foi ignorado pelo Globo de Ouro e pelo SAG e cedeu protagonismo para Sacha Baron Cohen e Leslie Odom Jr., com vantagem para o segundo, que vem de Hamilton, já ganhou um Tony, também pode concorrer em canção. Mas aí, a fase dos prêmios grandes coincidiu com o crescimento de Judas e o Messias Negro e Daniel Kaluuya levou o Globo de Ouro e o Critics Choice e hoje é o homem a ser batido. Ele e Odom Jr., que têm os quatro principais precursores, me parecem os indicados mais sólidos, com Paul Raci em seguida por causa do amor a seu filme e o nod do Bafta. Cohen é um caso interessante porque, duplamente indicado no Globo de Ouro, preferiram vê-lo ganhar por Borat, o que pode indicar onde Hollywood pensa que é o lugar dele. Acho que boa parte dos votantes pode achar que ele não tem um perfil digno de indicação. Não me surpreenderia em vê-lo esnobado, mas ele tem o filme a seu favor.
O quinto finalista pode ser Chadwick Boseman, que pode ter uma inédita dupla indicação, e tudo indicada que deva ser ele mesmo, mas não sei se a Academia pode achar que basta o Oscar (que ele provavelmente vai ganhar) por A Voz Suprema do Blues. Ele pode entrar facilmente, mas observo um crescimento de Alan S. Kim, o garotinho de Minari. O filme tem se mostrado um dos players mais sólidos da temporada e todos adoram o menino, que desbancou Helena Zengel no Critics Choice de jovem ator e que está indicado ao Bafta. Esse combo pode indicar alguma coisa. Jared Leto tem um momento lá atrás, quando foi indicado ao Globo de Ouro e ao SAG e é um vencedor do Oscar. Isso conta. Mas, ao contrário de Vanessa Kirby, por exemplo, ele sumiu das conversas quando seu filme só provocou desinteresse. Bill Murray teve indicações ao Globo de Ouro e Critics Choice, mas a Academia nunca deu muita bola pra ele, a exceção de Encontros e Desencontros. A diferença é que enquanto o filme de Sofia Coppola foi um hit da temporada de 2003-2004, On the Rocks, da mesma Sofia, passou praticamente em branco. Há uma chance bem distante de David Strathairn ser resgatado do ostracismo por Nomadland, mas, apesar do barulho do filme e do fato de ele ser um ex-indicado ao Oscar, ele não concorreu a nada significativo.
minhas apostas
Daniel Kaluuya (Judas e o Messias Negro)
SAG + Globo de Ouro + Critics Choice + Bafta
Leslie Odom Jr. (Uma Noite em Miami)
SAG + Globo de Ouro + Critics Choice + Bafta
Paul Raci (O Som do Silêncio)
Critics Choice + Bafta
Sacha Baron Cohen (Os 7 de Chicago)
SAG + Globo de Ouro + Critics Choice
Alan S. Kim (Minari)
Critics Choice jovem ator + Bafta
alternativa 1: Chadwick Boseman (O Destacamento Blood)
SAG + Critics Choice
alternativa 2: Jared Leto (Os Pequenos Vestígios)
SAG + Globo de Ouro + Critics Choice
alternativa 3: Bill Murray (On the Rocks)
Globo de Ouro + Critics Choice
ATRIZ COADJUVANTE
Esta é a categoria mais difícil de prever porque as combinações são muitas e todas as pré-candidatas podem virar favoritas ou ser esnobadas. Todas. A começar com dona Glenn Close, uma atriz com quem o Oscar tem uma longa “dívida”, mas que está num dos filmes mais rejeitados do ano. Close teve indicações a SAG, Globo de Ouro e Critics Choice, mas concorre também ao Framboesa de Ouro. E não duvido que ganhe. O reconhecimento da temporada parece ser meramente compensatório, o que nem faz sentido já que ela ganhou o SAG e tem três Globos de Ouro. Sendo assim, acho meio difícil que ela não concorra (conhecido também como ocupe a vaga de quem realmente merece), mas entendo totalmente se for esnobada. Close provavelmente vai encontrar Olivia Colman, muito sólida na temporada, apesar de ter sido preterida no Bafta (como Carey Mulligan). É uma atriz muito respeitada e querida. Acho que ainda terá muitas indicações. Yuh-Jung Youn é quem tem mais vitórias na temporada, apesar de ter sido preterida pelo Globo de Ouro (que fez de tudo para não indicar Minari, restrito a filme estrangeiro, o que nem é).
Ela tem um papel muito popular e altamente comovente e faz traduz o afeto que o filme tem recebido. Mais do que Yeun e muito mais do que o netinho Alan Kim, sua indicação é a mais possível, mas sabe-se lá se a Academia vai ficar confusa com tantas possibilidades, sacrificando justamente a “estrangeira”. Confirmando sua indicação, acho que as chances de um prêmio são bem reais. Amanda Seyfried, em um momento da temporada, parecia uma possível favorita. Atriz jovem, mas experiente, como o Oscar gosta, num papel de destaque num filme respeitado. Tudo parecia no lugar, mas aí ela perde a indicação ao SAG, não ganha o apoio do Bafta e vê Mank passar de frontrunner a coadjuvante da temporada. Se for indicada, já vai ser um prêmio. A partir daí, as chances podem virar. A quinta vaga é a mais complicada de prever. Já foi de Ellen Burstyn, que desapareceu da temporada; de Maria Bakalova, que tem um dos papéis mais imprevisíveis do ano, já foi favorita, mas viu suas chances diminuirem quando perdeu o Globo de Ouro de atriz em comédia para Rosamund Pike num filme meh, e vai ter que enfrentar os haters de Borat. Quantos republicanos tem na Academia mesmo?
A prodígio Helena Zengel viu suas chances aumentarem com suas indicações ao SAG, Globo de Ouro e Critics Choice (como jovem atriz), mas, logo depois, a recepção a Relatos do Mundo foi bem morna (o filme nem entrou na lista do PGA) e ela perdeu para Alan Kim no Critics Choice. Jodie Foster surgiu como uma forte possibilidade de indicação quando ganhou o Globo de Ouro depois de uma indicação surpresa por The Mauritanian. Mas foi só isso. Ela não apareceu na lista do Bafta e, apesar de ser um nome de prestígio em Hollywood e ter dois Oscars, não é reconhecida pela Academia desde 1994, com Nell e seu filme permanece pouco visto. Uma possível surpresa é Dominique Fishback. Ela vinha sendo apontada como uma possível surpresa quando Judas e o Messias Negro começou a crescer, mas foi perdendo chance após chance. No entanto, bem na reta final, terminou indicada ao Bafta. Será que significa?
Apostando nestas, mas achando que a Jodie Foster entra.
minhas apostas
Yuh-Jung Youn (Minari)
SAG + Critics Choice + Bafta
Olivia Colman (Meu Pai)
SAG + Globo de Ouro + Critics Choice
Glenn Close (Era uma Vez um Sonho)
SAG + Globo de Ouro + Critics Choice
Amanda Seyfried (Mank)
Globo de Ouro + Critics Choice
Maria Bakalova (Borat: Fita de Cinema Seguinte)
SAG + Globo de Ouro atriz em comédia + Critics Choice + Bafta
alternativa 1: Jodie Foster (The Mauritanian)
Globo de Ouro
alternativa 2: Helena Zengel (Relatos do Mundo)
SAG + Globo de Ouro + Critics Choice jovem atriz
alternativa 3: Dominique Fishback (Judas e o Messias Negro)
Bafta
ROTEIRO ORIGINAL
As previsões para esta são bastante prejudicadas pelo fato de que o WGA é o único sindicato que só considera para suas indicações quem é afiliado, então, de cara, Minari, Mank e Soul, todos players importantes, foram ignorados por lá. Mas a temporada e a Academia já aprendeu a superar esse trauma e nem liga muito quando os indicados em potencial estão bem considerados pelos prêmios anteriores, então, Minari, que parece bem forte neste quesito, deve aparecer com tranquilidade e Mank tem boas chances, até por ter um roteiro como tema principal. Soul não saiu muito do espectro da animação e mesmo lá não é um favorito tão absoluto. Apesar de o Oscar ter aberto espaço para animações muitas vezes (da Pixar, inclusive), este ano isso não parece muito provável.
O sindicato foi com Bela Vingança, Os 7 de Chicago, O Som do Silêncio, Judas e o Messias Negro e Palm Springs. Os dois primeiros parecem muito confortáveis e devem disputar o favoritismo com Minari. O roteiro de Fennell é o mais premiado da temporada, por sinal. O Som do Silêncio tem boas chances de reprisar a indicação já que esta categoria é sempre um espaço para filme mais ousados e independentes. Judas e o Messias Negro é mais convencional, mas tem o tema a seu favor, mas parece uma indicação menos óbvia. Num ano com menos concorrentes de peso, Palm Springs poderia aparecer mais facilmente (tem o perfil de muitos filmes já indicados), mas isso não parece ser tão provável neste ano. Nunca Raramente Às Vezes Sempre corre por fora. Teve muito amor no começo da corrida, mas o tema não parece ser muito popular e o filme foi meio esquecido. Druk também pode surpreender. Foi indicado ao Bafta na categoria.
minhas apostas
Emerald Fennell (Bela Vingança)
WGA + Globo de Ouro + Critics Choice + Bafta
Aaron Sorkin (Os 7 de Chicago)
WGA + Globo de Ouro + Critics Choice + Bafta
Lee Isaac Chung (Minari)
Critics Choice
Darius Marder e Abraham Marder (O Som do Silêncio)
WGA + Critics Choice
Jack Fincher (Mank)
Globo de Ouro + Critics Choice
alternativa 1: Will Berson and Shaka King (Judas e o Messias Negro)
WGA
alternativa 2: Andy Siara (Palm Springs)
WGA
alternativa 3: Eliza Hittman (Nunca Raramente Às Vezes Sempre)
Critics Choice
ROTEIRO ADAPTADO
A única coisa que me faz manter First Cow entre as minhas apostas, além do meu amor pelo filme de Kelly Reichardt, é uma estatística revelada pelo site Awards Watch: nunca na história o filme que ganhou o prêmio principal do New York Film Critics Circle deixou de ter uma indicação a um Oscar. Foi o suficiente para a emoção vencer a razão e eu manter a previsão. Até rimou. Bom, aqui mais uma vez, o WGA não ajudou, tratando muitos roteiros como inelegíveis, entre eles, favoritos como Nomadland e Meu Pai. Mas esta categoria tem um precursor extra que é só dela e não desconsidera ninguém, o USC Scripter, um prêmio anual dado pelas bibliotecas da University of Southern California em reconhecimento aos roteiros adaptados. Primeiro, somente adaptações de livros eram consideradas, mas nos últimos anos eles começaram a indicar roteiros baseados em peças e até em reportagens. Este ano, o USC Scripter selecionou Má Educação, Nomadland, Uma Noite em Miami, A Voz Suprema do Blues e… First Cow! Já o WGA foi com Uma Noite em Miami e A Voz Suprema do Blues e mais Relatos do Mundo, O Tigre Branco e o segundo Borat.
Deste mix, os roteiros dos filmes de Regina King e George C. Wolfe saem obviamente mais fortalecidos, ainda mais que ambos têm indicações ao Critics Choice, mas as chances e o favoritismo de Nomadland não ficam abalados: além de ser o franco favorito em filme e direção, o roteiro do filme foi lembrado pelo Globo de Ouro (onde a categoria é única), Bafta e Critics Choice. Já bastou. Meu Pai tem no roteiro sua principal qualidade e essência, é uma indicação quase incontornável de um filme que vai muito bem na corrida, e que, além do Scripter, teve indicações ao Bafta, Critics Choice e Globo de Ouro. Teríamos um quarteto bem forte aí, principalmente os dois últimos. A quinta vaga tem muitas possibilidades: O Tigre Branco tem Bafta e WGA no currículo e um filme espertinho, que deve enganar muito trouxa com seus truques; The Mauritanian pode ser uma surpresa porque ganhou algum impulso com o Bafta; Relatos do Mundo tem três precursores fortes, mas tem se apagado muito na corrida; e a sequência de Borat pode repetir o feito do primeiro e ser indicado justamente aqui. Mas todos eles parecem que precisam de um consenso maior para serem certezas e, embora First Cow também não pareça ter isso, o filme pode a indicação “nobre” que de vez em quando dá as cara por aqui.
minhas apostas
Chloé Zhao (Nomadland)
USC + Globo de Ouro + Critics Choice + Bafta
Christopher Hampton, Florian Zeller (Meu Pai)
Globo de Ouro + Critics Choice + Bafta
Kemp Powers (Uma Noite em Miami)
WGA + USC + Critics Choice
Ruben Santiago-Hudson (A Voz Suprema do Blues)
WGA + USC
Kelly Reichardt, Jonathan Raymond (First Cow)
USC + Critics Choice
alternativa 1: Ramin Bahrani (O Tigre Branco)
WGA + Bafta
alternativa 2: M.B. Traven, Rory Haines, Sohrab Noshirvani (The Mauritanian)
Bafta
alternativa 3: Luke Davies, Paul Greengrass (Relatos do Mundo)
WGA + USC + Critics Choice
azarão: Peter Baynham, Sacha Baron Cohen e + (Borat: Fita de Semana Seguinte)
WGA
FILME INTERNACIONAL
Nos últimos anos, aquele mito de “filme com cara de Oscar”, que parece que só existia para justificar as escolhas esdrúxulas para esta categoria, caiu por terra porque os filmes que chamam atenção nos três principais festivais de cinema do mundo, Cannes, Veneza e Berlim, começaram a dominar as indicações. Pelo menos 4 dos 5 finalistas vinham de um destes eventos. Com Cannes cancelado, Berlim realizado sob tensão e Veneza cheia de protocolos, as coisas mudaram um pouco. E o sistema de seleção mudou junto. Por causa da pandemia e para evitar aglomerações, o comitê “artístico” (que salvava três filmes mais autorais do corte dos famosos velhinhos da Academia e garantia uma lista de finalistas um pouco menos alienada do que o de antigamente) foi suspenso e o comitê maior aumentou seu número de indicações de 7 (de um total de 10) para 15 no total. No geral, parece que as coisas funcionaram e a shortlist ficou bem diversa. Ao contrário de todos os outros precursores, o Oscar tem uma regra diferente: cada país só pode indicar um filme para esta categoria. Isso deixa o universo de elegibilidade do Oscar diferente do das outras premiações. Mas este ano muitos dos filmes que circularam por aí estão elegíveis.
Druk – Mais uma Rodada, que tem o selo de Cannes, só não é mais favorito porque Minari, que nem estrangeiro é e não é elegível aqui, ganhou grande parte dos prêmios para filmes em língua não-inglesa. Mas o longa de Thomas Vintenberg parece imbatível e ganhou muita força nas últimas semanas, com chances de indicação em direção, ator e roteiro, quesitos em que é finalista no Bafta. La Llorona, exibido em Veneza, foi muito lembrado nos prêmios de críticos e concorreu ao Globo de Ouro e Critics Choice, que também selecionaram Nós Duas, único entre as minhas apostas que ficou de fora dos grandes festivais. Quo Vadis, Aida?, seleção oficial de Berlim, ganhou muito prestígios, consta na maioria absoluta das previsões e ganhou força com indicações ao Bafta de filme estrangeiro e direção. Night of the Kings, que participou da principal mostra paralela de Veneza, é um dos filmes que mais fizeram o circuito de festivais no último ano e tem uma temática étnica que pode interessar a Academia, além de ser um filme bem ousado tecnicamente.
Não dá pra descartar Dear Comrades!. A Rússia teve duas indicações e mais três filmes nas shorlists nos últimos sete anos. Os filmes do México e de Taiwan têm a seu favor o fato de serem distribuídos pela Netflix. Resta saber o quanto isso conta nos tempos de hoje. Muita gente acha que Collective tem chances aqui, mas acho bem difícil porque somente três documentários conseguiram ser indicados nesta categoria em toda a história do Oscar e todos eles tinham narrativas com elementos ficcionais, o que o filme romeno definitivamente não tem. Essa característica poderia ajudar Agente Duplo, do Chile, mas o filme não tem recebido tanta atenção assim.
minhas apostas
Druk – Mais Uma Rodada (Dinamarca, Samuel Goldwyn Mayer)
Globo de Ouro + Critics Choice + Bafta + Festival de Cannes – seleção oficial
Quo Vadis, Aida? (Bósnia-Herzegovina, Neon)
Bafta + Festival de Berlim – seleção oficial
La Llorona (Guatemala, Shudder)
Globo de Ouro + Critics Choice + Festival de Veneza – Le Giornate degli Autori
Nós Duas (França, Magnolia Pictures)
Globo de Ouro + Critics Choice
Night of the Kings (Costa do Marfim, Neon)
Festival de Veneza – Horizontes
alternativa 1: Dear Comrades! (Russia, Neon/Hulu)
Bafta + Festival de Berlim – seleção oficial
alternativa 2: I’m No Longer Here (México, Netflix)
alternativa 3: A Sun (Taiwan, Netflix)
azarão: Collective (Romênia)
Festival de Veneza – fora de competição
completam a shortlist: The Man Who Sold His Skin (Tunísia), Agente Duplo (Chile), Notturno (Itália), O Charlatão (República Checa), Crianças do Sol (Irã), Hope (Noruega), Better Days (Hong Kong).
DOCUMENTÁRIO
É sempre uma das categorias mais difíceis de se prever, com muitos dos líderes de temporada terminando nem indicados ao Oscar, casos recentes de Apollo 11 e Won’t You Be My Neighbor?, então, ninguém está seguro o suficiente. Neste ano, as coisas estão ainda mais complicadas. O número de filmes elegíveis nunca foi tão grande e a shortlist ficou bem forte. Mas vamos tentar fazer algumas previsões. Aqui, além dos precursores tradicionais, temos a International Documentary Association (IDA) e o Cinema Eye Honors (CEH), premiações específicas para documentários. O Critics Choice também tem uma premiação só pra isso. “Time”, da Amazon, foi o filme que mais ganhou prêmios na temporada e seria o favorito, mas terminou estranhamente preterido pelo DGA e também não apareceu no Bafta. Será que a maldição do mais cotado vai acontecer de novo? Por outro, Welcome to Chechnya foi pouco valorizado pelos precursores, mas recebeu uma inesperada menção na shorlist de efeitos visuais, o que pode indicar que está mais no radar do que se pensa. E o tema ajuda.
Collective tem mais chances aqui do que em filme internacional e foi um dos doc mais celebrados do ano, inclusive fora da categoria, embora tenha perdido alguns precursores importantes. Mas isso vale pra quase todos, como As Mortes de Dick Johnson, esnobado pelo DGA, mas que se mostrou bastante popular com
sua narrativa com elementos ficcionais e um protagonista carismático. Professor Polvo, da Netflix, tem tudo para surpreender e papar uma vaga: primeiro, surgiu, do nada, como pré-indicado ao Bafta de direção, provavelmente por ter uma mulher como codiretora, mas depois emendou menções do PGA e do DGA, que ignorou não somente Dick Johnson, mas o favorito Time, ambos dirigidos por mulheres e bem mais cotados. Se isso não acontecer, a disputa pode ficar entre Crip Cramp, outra aposta da Netflix, mas que ficou meio pra trás na temporada; The Truffle Hunters, que assim como filme da polvinha, dobrou no PGA e no DGA (são os dois únicos); ou The Painter and the Thief, um dos candidatos mais interessantes, que teve uma carreira irregular nas premiações, mas entrou no DGA.
No entanto, é um espaço para surpresas, então, Agente Duplo, Gunda ou Boys State também podem dar as caras.
minhas apostas
Time (Amazon)
IDA + CEH + Critics Choice + PGA + Spirit
Welcome to Chechnya (HBO)
DGA
As Mortes de Dick Johnson (Netflix)
IDA + CEH + Critics Choice + PGA Spirit
Collective (Magnolia Selects)
IDA + CEH + Bafta Spirit
Professor Polvo (Netflix)
Critics Choice + PGA + DGA + Bafta
alternativa 1: The Painter and the Thief (Neon)
Critics Choice + DGA
alternativa 2: The Truffle Hunters (Sony Classics)
IDA + PGA + DGA
alternativa 3: Crip Camp: A Disability Revolution (Netflix)
IDA + Critics Choice Spirit
completam a shortlist: Agente Duplo (Gravitas Ventures), Gunda (NEON), Boys State (Apple), Até o Fim: A Luta pela Democracia (Amazon), Notturno (Neon), MLK/FBI (IFC Films), 76 Days (MTV Documentary Films).
ANIMAÇÃO
Esta é uma categoria em que eu vejo muita gente desconsiderar os filmes estrangeiros, que geralmente não vão tão bem nos precursores, mas que o branch do Oscar costuma considerar. Os números não mentem: no ano passado tivemos Klaus e Perdi Meu Corpo; em 2019, Mirai; um ano antes, Com Amor, Vincent; no ano anterior, Minha Vida de Abobrinha e A Tartaruga Vermelha. Este ano, os filmes em língua não inglesa não empolgaram tanto assim, mas se a gente olha para a lista de indicados para o Annie, dá para tirar alguma conclusões. Na lista de direção, além dos favoritos Soul e Wolfwalkers, que estão polarizando as conversas, temos o japonês Ride Your Wave e o francês Calamity Jane, ambos indicados também na categoria de melhor filme independente. Completa a lista de direção A Caminho da Lua, que estranhamente foi preterido em melhor filme.
A lista de melhor filme tem, além de Soul, Dois Irmãos, Os Croods: Uma Nova Era, Trolls World Tour e Os Irmãos Willoughby. Em filme independente, Wolfwalkers tem a companhia do segundo Shaun, o Carneiro, do japonês On-Gaku: Our Sound e dos já citados Ride Your Wave e o francês Calamity Jane. Na prática, somente Soul, Wolfwalkers, Ride Your Wave e Calamity Jane estão indicados em duas das três principais categorias. E a gente tem que pensar que este é um branch muito específico (onde tem mais “artistas”), que podem muito bem preferir filmes autorais como mostram as estatísticas até porque, fora os filmes mais cotados de cada temporada, muitos dos outros filmes de estúdio têm cara de “filler”, ou seja, de preencher listas, não gerando tanto amor por eles, parecendo genéricos mesmo.
Por final, o maior festival de animação do mundo, Annecy, costuma ser um portfolio para estes filmes independentes e estrangeiros. Nos últimos anos, filmes como Perdi Meu Corpo, Mirai, Ethel & Ernest, Minha Vida de Abobrinha e o nosso O Menino e o Mundo participaram daquele evento antes de serem indicados ao Oscar. E, olhando para as duas últimas seleções de Annecy, encontramos dois filmes que estão na pré-lista do Oscar e foram reconhecidos no Annie: em 2020, Calamity Jane ganhou o festival. Em 2019, Ride Your Wave participou da seleção oficial. Fecha alguma coisa? Não necessariamente, mas acho importante ter isso em mente. Vou arriscar porque acho mais divertido do que ir na mesmice.
minhas apostas
Soul (Pixar)
Annie, filme + Annie, direção + Globo de Ouro + Critics Choice + PGA + Bafta
Wolfwalkers (Apple/GKIDS)
Annie, filme independente + Annie, direção + Globo de Ouro + Critics Choice + PGA + Bafta
Dois Irmãos (Pixar)
Annie, filme + Globo de Ouro + Critics Choice + PGA + Bafta
Ride Your Wave (GKIDS)
Annie, filme independente + Annie, direção + Annnecy
Calamity Jane (The Animation Showcase)
Annie, filme independente + Annie, direção + Annnecy
alternativa 1: A Caminho da Lua (Netflix)
Annie, direção + Globo de Ouro + Critics Choice + PGA
alternativa 2: The Croods: A New Age (Universal/DreamWorks)
Annie, filme + Globo de Ouro + PGA
alternativa 3: Earwig and the Witch (Studio Ghibli/GKIDS)
FOTOGRAFIA
Somente em dois dos últimos cinco anos, a American Society of Cinematographers (ASC), o sindicato dos diretores de fotografia, antecipou os 5 indicados ao Oscar em sua categoria principal (eles têm também um prêmio Spotlight, para revelações). Se aumentarmos esse período para uma década, foram 5/5 em apenas três anos. Então, a chance de um dos indicados pela ASC pode cair. Quem seria o mais frágil este ano? Mank, Nomadland e Relatos do Mundo parecem bastante seguros já que foram lembrados também pelo Critics Choice e pelo Bafta e têm justamente na fotografia um dos carros-chefes de suas chances no Oscar. O problema é que todos os outros cotados têm apenas um precursor no currículo. A ASC completou a lista com Os 7 de Chicago, candidato forte em várias categorias, e Cherry, lançamento tardio pro qual ninguém deu muita bola. Estes dois seriam os mais vulneráveis.
Minari está rondando as apostas nesta categoria faz um tempo e tem uma fotografia que chama a atenção, além de ser um filme bastante lembrado, mas só apareceu na lista do Critics Choice. Judas e o Messias Negro também era visto com chances, está em alta, mas ficou só com a menção do Bafta. First Cow era uma das primeiras apostas, foi indicado ao Critics Choice, mas, como não está fazendo uma temporada memorável, precisaria de uma força da ASC que não veio. E ainda tem a chance de Tenet aparecer, apesar do filme estar bem miudinho na corrida, porque é um projeto fortemente visual e os longas de Christopher Nolan costumam ser lembrados neste quesito: 5 já foram indicados, inclusive a parceria anterior de Hoyte van Hoytema com o diretor, Dunkirk.
minhas apostas
Mank (Erik Messerschmidt)
ASC + Bafta + Critics Choice
Nomadland (Joshua James Richards)
ASC + Bafta + Critics Choice
Relatos do Mundo (Dariusz Wolski)
ASC + Bafta + Critics Choice
Os 7 de Chicago (Phedon Papamichael)
ASC
Judas e o Messias Negro (Sean Bobbitt)
Bafta
alternativa 1: Minari (Lachlan Milne)
Critics Choice
alternativa 2: Cherry (Newton Thomas Sigel)
ASC
alternativa 3: First Cow (Christopher Blauvelt)
Critics Choice
azarão: Tenet (Hoyte van Hoytema)
Critics Choice
MONTAGEM
Uma coisa que é interessante de se lembrar é que, nas premiações do sindicatos, não existe uma categoria de melhor filme, então o quesito principal nestas premiações termina ocupando este posto. Em alguns sindicatos que lidam com questões muito específicas como fotografia ou direção de arte, esse “melhor filme” precisa se concentrar em elementos que talvez fujam um pouco da lista de filmes cotados ao Oscar principal, mas, em alguns casos, essa lógica de eleger o melhor filme em sua categoria mais importante regula o processo de escolha dos guilds, como no caso mais clássico, o de elenco no SAG, e o quesito de melhor edição de filme dramático no ACE, o sindicato dos montadores. Quando o Oscar tinha somente 5 indicados a melhor filme, a categoria de montagem muitas vezes antecipava os finalistas ao prêmio principal e como o ACE é o sindicato da categoria, seus indicados ganharam uma grande importância na corrida. As coisas ficaram muito bagunçadas desde que o Oscar ampliou a lista de melhores filmes, mas a lógica aqui permanece: votar na melhor edição de filme dramático é escolher o melhor filme para eles.
Este ano, os indicados foram Os 7 de Chicago, Nomadland, Mank, O Som do Silêncio e Minari, todos fortíssimos candidatos ao Oscar de melhor filme e, à exceção do filme de Lee Isaac Chung, com trabalhos de montagem mais visíveis. Na categoria de comédia ou musical, divisão completamente esdrúxula em se tratando da montagem de um filme, dos 5 finalistas, o único que parece ter chances reais de indicação é Bela Vingança, por sinal, outro virtual candidato ao quesito principal do Oscar. Minari e Bela Vingança foram os únicos destes seis filme que não foram lembrados pelo Critics Choice, que preferiu Tenet e Meu Pai. O filme de Florian Zeller, assim como o de Emerald Fennell, também foi reconhecido pelo Bafta e a montagem é uma das peças essenciais da narrativa, o que fez com que ela fosse lembrada em vários prêmios de críticos e esteja em boa parte das apostas. Além disso, Meu Pai é uma possibilidade no Oscar de melhor filme e Tenet, não.
O Bafta repetiu as indicações de Chicago, Nomadland, O Som do Silêncio, únicos três presentes nos três principais precursores, mas deixou Mank de fora. Então, parece que temos três certezas e duas vagas sendo disputadas por 4 filmes. Acho difícil que o longa de Fincher não seja indicado ao Oscar. É um trabalho de montagem evidente, quatro de seus filmes já foram indicados nesta categoria (dois ganharam) e acho que existe um consenso de Mank é mais “best picture material” do que muitos outros. Restaria uma quinta vaga e aí eu acho que Meu Pai abocanha por causa da natureza do projeto e de como a montagem determina a narrativa. Fora isso, o fato de ser um filme com chances de aparecer em vários lugares deve criar um pensamento de que “não estamos viajando tanto assim”. Agora, é bom perceber que seja qual for o filme que ocupe esta vaga ou vagas, caso Mank não entre (e acho que Minari e Bela Vingança tem chances), consolida as chances na categoria principal.
minhas apostas
Os 7 de Chicago (Alan Baumgarten)
ACE + Bafta + Critics Choice + PGA
Nomadland (Chloé Zhao)
ACE + Bafta + Critics Choice + PGA
O Som do Silêncio (Mikkel E.G. Nielsen)
ACE + Bafta + Critics Choice + PGA
Mank (Kirk Baxter)
ACE + Critics Choice + PGA
Yorgos Lamprinos (Meu Pai)
Bafta + Critics Choice
alternativa 1: Minari (Harry Yoon)
ACE + PGA
alternativa 2: Bela Vingança (Frédéric Thoraval)
ACE comédia + Bafta + PGA
alternativa 3: Relatos do Mundo (William Goldenberg)
DESENHO DE PRODUÇÃO
Nesta categoria, a tradição diz que devemos olhar com extrema atenção para os filmes de época, com cuidado para os filmes de fantasia e com desconfiança para filmes contemporâneos. E, neste ano, o frontunner é Mank, um filme de época que reconstrói a Hollywood da virada dos anos 30 pros anos 40. Relatos do Mundo também tem sido bem lembrado. Os dois são os únicos que foram indicados pelos três principais precursores. O ADG, sindicato dos diretores de arte, no quesito de filme de época, indicou ainda A Voz Suprema do Blues e, em filme de fantasia, selecionou Tenet, lembrados também no Bafta, o que nos deixaria com um top 4 nas mãos. Todos estes filmes também estão indicados aos prêmios da Set Decorators Society of America (SDSA), sindicato dos cenógrafos. A associação ainda é recente e sem muita tradição, mas saber que os mesmos filmes foram lembrados por outra agremiação dá mais certeza sobre quem está nas conversas.
A última vaga é mais complicada de se prever: eles podem ir com uma reconstituição mais discreta, mas num filme que é um dos principais players do ano, Os 7 de Chicago, que concorre ao prêmio dos dois sindicatos, ou apostar em filmes com trabalhos mais visualmente impactantes, caso de Emma. e A Vida Pessoal de David Copperfield, mas os dois, apesar de cotados, não fizeram muita coisa na corrida. David Copperfield só foi lembrado pelo Critics Choice e Emma. conseguiu aparecer na mesma lista e ter uma indicação da SDSA. Há uma chance de Mulan dar as caras também. O filme foi estranhamente indicado pelo sindicato como filme de época apesar de ser mais da categoria de fantasia. Mas eu não me surpreenderia se Aves de Rapina ganhasse uma indicação aqui: o filme foi lembrado pelo sindicato e está em duas shortlists de outras categorias do Oscar, o que significa que está no radar. Isso tudo sem um investimento da Warner, que, ao contrário de seus outros filmes do ano, sequer fez uma página de For Your Consideration pro filme, imaginando que ele não iria muito longe.
minhas apostas
Mank (Donald Graham Burt, Jan Pascale)
ADG época + Bafta + Critics Choice + SDSA época
Relatos do Mundo (David Crank, Elizabeth Keenan)
ADG época + Bafta + Critics Choice + SDSA época
A Voz Suprema do Blues (Mark Ricker, K.O’Hara, D.Stoughton)
ADG época + Critics Choice + SDSA época
Tenet (Nathan Crowley , Kathy Lucas)
ADG fantasia + Critics Choice + SDSA fantasia
Os 7 de Chicago (Shane Valentino, Andrew Basema)
ADG época + SDSA época
alternativa 1: Emma. (Kave Quinn, Stella Fox)
Critics Choice + SDSA época
alternativa 2: A Vida Pessoal de David Copperfield (Cristina Casali, Charlotte Dirickx)
Critics Choice
alternativa 3: Mulan (Grant Major, Anne Kuljian)
ADG época
FIGURINOS
Esta categoria costuma ser um pouco mais ousada do que a de direção de arte. Recentemente, o afrofuturismo de Pantera Negra e os figurinos bem particulares de Mad Max: Estrada da Fúria e O Grande Hotel Budapeste ganharam. Então, filmes com vestuários exuberantes como Emma. e A Vida Pessoal de David Copperfield parecem mais em casa aqui. O primeiro é frontrunner, foi o trabalho que vai venceu nesta categoria na temporada e está indicado aos três principais precursores, assim como Mank e A Voz Suprema do Blues, que parecem bem consolidados neste quesito. Mulan não foi indicado ao Bafta, mas tem todas as chances de ser lembrado aqui já que dificilmente um filme de fantasia não entra no Top 5 e Bela Vingança, ao contrário do que manda a tradição (aqui época e fantasia também dominam) é um filme contemporâneo, mas em que os figurinos da protagonista são peça importante na narrativa. Acho que vai no pacote do filme, que parece ter muita gente na torcida. Apesar de não ter sido tão celebrado, David Copperfield não seria um corpo estranho entre os indicados e Suzie Harman e Robert Worley chama muita atenção. Uma Invenção de Natal também aposta nesta exuberância e isso às vezes conquista a Academia. Ammonite é muito discreto e praticamente zerou as chances de indicação ao Oscar. Esta seria a única possibilidade que restou.
Emma. (Alexandra Byrne)
CDG época + Bafta + Critics Choice
Mank (Trish Summerville)
CDG época + Bafta + Critics Choice
A Voz Suprema do Blues (Ann Roth)
CDG época + Bafta + Critics Choice
Mulan (Bina Daigeler)
CDG fantasia + Critics Choice
Bela Vingança (Nancy Steiner)
CDG contemporâneo + Critics Choice
alternativa 1: A Vida Pessoal de David Copperfield (Suzie Harman, Robert Worley)
Critics Choice
alternativa 2: Ammonite (Michael O’Connor)
Bafta
alternativa 3: Uma Invenção de Natal
(Michael Wilkinson)
CDG fantasia
MAQUIAGEM E CABELOS
Temos uma shortlist, o que já deixa as coisas menos complicadas porque, se dependermos das 6 categorias do sindicato de maquiadores e cabeleireiros, as possibilidades seriam enormes. Dito isso, Era Uma Vez Sonho parece um franco favorito. Tem três indicações do sindicato (maquiagem e penteados de época ou caracterização e efeitos especiais de maquiagem), está indicado ao Bafta e ao Critics Choice. Somente outros dois filmes apareceram nos três precursores, Mank e A Voz Suprema do Blues (que no sindicato são finalistas maquiagem e penteados de época ou caracterização). Pinóquio tem uma menção no prêmio do sindicato (efeitos especiais de maquiagem) e foi lembrado pelo Bafta. Aves de Rapina tem duas menções no sindicato (maquiagem e cabelos contemporâneos). Me parece uma categoria fechada, né? Ou será que há espaço para alguma surpresa? Bom, do restante dos filmes que estão na shortlist, somente Uma Invenção de Natal (indicado pelo sindicato em penteados de época ou caracterização) e Emma., finalista no Critics Choice, têm prêmios. Acho que qualquer um dos dois pode entrar no lugar de Aves de Rapina, mas acho que o filme da DC deve vencer a batalha. Muita gente tem apostado em As Vidas de Gloria, acho possível, várias épocas diferentes, mas os indicadores (zero) me dizem que não.
minhas apostas
Era uma Vez um Sonho
MUAH + Bafta + Critics Choice
A Voz Suprema do Blues
MUAH + Bafta + Critics Choice
Mank
MUAH + Bafta + Critics Choice
Aves de Rapina
MUAH
Pinóquio
MUAH + Bafta
alternativa 1: Uma Invenção de Natal
MUAH
alternativa 2: Emma.
Critics Choice
alternativa 3: As Vidas de Gloria
completam a shortlist: Os Pequenos Vestígios, Uma Noite em Miami.
TRILHA SONORA
Soul tem a trilha mais indicada e premiada do ano e foi lembrada pelos principais precursores da indústria e da crítica. Existem dois prêmios específicos para música de cinema, concedidos pela Society of Composers and Lyricists (SCL) e pela Hollywood Music in Media (HMM). O primeiro destes sindicatos tem duas categorias (música para filme de estúdio e música para filme independente) e o segundo tem um prêmio principal (trilha para longa-metragem) e várias subcategorias divididas por gênero, mas não deixa o filme ter dupla indicação. Se entrou na categoria principal, sai dos quesitos específicos. Dos 15 da shortlist do Oscar, Relatos do Mundo, Mank, Minari e Destacamento Blood têm indicações em alguma das duas categorias da SCL e na lista principal da HMM. Soul e Tenet também foram lembrados pelas duas associações, mas na HMM estão concorrendo só nas categorias de gênero (animação e fantasia, respectivamente).
Soul, Mank (ambas da dupla Trent Reznor e Atticus Ross; a primeira com Jon Baptiste) e Relatos do Mundo também foram indicados ao Globo e Ouro, Critics Choice e Bafta, o que deixa estas trilhas na liderança. Minari e Tenet têm mais duas indicações, cada. O primeiro, ao Critics Choice e ao Bafta, e o segundo ao Globo de Ouro e ao Critics Choice. São as cinco trilhas mais lembradas, mas O Céu da Meia-Noite tem sido muito presente nas apostas, teve indicações importantes e é assinada por Alexandre Desplat, um favorito da Academia. Destacamento Blood ficou só nos prêmios das associações da indústria, não foi bem entre os críticos e também não entrou na lista do Bafta, o que pode abrir espaço para a música composta para o filme lituano Blizzard of Souls por Lolita Ritmanis. Parece que ela é muito querida entre seus pares e a mera aparição do filme na pré-lista de trilhas dá uma sensação de “aí tem”. Terá?
minhas apostas
Soul (Trent Reznor e Atticus Ross)
SCL estúdio + HMMA animação + Globo de Ouro + Critics Choice + Bafta
Relatos do Mundo (James Newton Howard)
SCL estúdio + HMMA + Globo de Ouro + Critics Choice + Bafta
Mank (Trent Reznor e Atticus Ross)
SCL estúdio + HMMA + Globo de Ouro + Critics Choice + Bafta
Minari (Emile Mosseri)
SCL independente + HMMA independente + Critics Choice + Bafta
O Céu da Meia-Noite (Alexandre Desplat)
HMMA + Globo de Ouro + Critics Choice
alternativa 1: Tenet (Ludwig Göransson)
SCL estúdio + HMMA fantasia + Globo de Ouro + Critics Choice
alternativa 2: Blizzard of Souls (Lolita Ritmanis)
SCL independente + HMMA independente
alternativa 3: O Destacamento Blood (Terence Blanchard)
SCL estúdio + HMMA +
azarão: Os Pequenos Vestígios (Thomas Newman)
completam a shortlist: Os 7 de Chicago (Daniel Pemberton), Rosa e Momo (Gabriel Yared), O Homem Invisível (Benjamin Wallfisch), Ammonite, Mulan, Uma Invenção de Natal.
CANÇÃO
“Speak Now”, de Uma Noite em Miami, e “Lo Si (Seen)”, de Rosa e Momo, são as favoritas para ganhar, então, as indicações parecem garantidas. As duas foram finalistas na HMMA, Globo de Ouro (ganhou a da veterana Diane Warren) e Critics Choice (levou a de Leslie Odom Jr.). “Fight for You”, de Judas e o Messias Negro, teve as mesmas indicações. Mas é interessante é perceber que a única canção presente nas listas dos dois precursores da indústria não é nenhuma das três, mas “Husavik (My Hometown), de Festival Eurovision. Por sinal, apesar de não ter sido indicada pelo Globo de Ouro, foi ela quem ganhou o prêmio da SCL e o filme é construído para a cena da música, o que deixa a composição numa posição bem interessante na corrida. A vaga final pode ser de “Hear My Voice”, de Os 7 de Chicago, indicada pela HMMA e Globo de Ouro, mas “Turntables”, de Janelle Monae para o Até o Fim: A Luta pela Democracia tem aparecido mais nas apostas e as músicas compostas para documentários têm aparecido com certa frequência nesta categoria. O tema de ninar de Minari corre por fora e quem deveria levar tudo é “Green”, de O Som do Silêncio, mas levou apenas meu coração.
Uma Noite em Miami (“Speak Now”)
HMMA + Globo de Ouro + Critics Choice</strong
Rosa e Momo (“Lo Si (Seen)”)
HMMA + Globo de Ouro + Critics Choice
Festival Eurovision (“Husavik (My Hometown)”
SCL + HMMA + Critics Choice
Judas e o Messias Negro (“Fight for You”)
HMMA + Globo de Ouro + Critics Choice
Até o Fim: A Luta pela Democracia (“Turntables”)
HMMA
alternativa 1: Os 7 de Chicago (“Hear My Voice”)
HMMA + Globo de Ouro
alternativa 2: Minari (“Rain Song”)
HMMA
alternativa 3: O Som do Silêncio (“Green”)
completam a shortlist: Giving Voice (“Never Break”), Borat: Fita de Cinema Seguinte (“Wuhan Flu”), Mulan (“Loyal Brave True”), O Grande Ivan (“Free”), Belly of the Beast (“See What You’ve Done”), Mr Soul! (“Show Me Your Soul”), Uma Invenção de Natal (“Make It Work”).
SOM
Primeiro ano depois da fusão das duas categorias de som. Temos agora dois sindicatos de indústria para esta categoria (o Cinema audio Society e o Motion Picture Sound Editors) e mais o Bafta. Os três filmes que emplacaram indicações nos três precursores foram O Som do Silêncio, Relatos do Mundo e, olha só, Greyhound. Parecem certezas. As duas últimas vagas podem ir para dois possíveis candidatos a melhor filme (Mank e Os 7 de Chicago, ambos reconhecidos pelos dois sindicatos), afinal, esse espaço aqui é frequentemente usado para se “votar em melhor filme”, mas tem possibilidades interessantes com O Céu da Meia-Noite, que tem um perfil de filme que muitas vezes entra nesta categoria, ou Soul. Muita animações também já aterrissaram aqui. Tem que ver o que vai contar mais em época de sons unidos, o desempenho específico ou geral. Se for geral, existe uma chance para Nomadland, que apareceu de surpresa no Bafta, é o favorito a melhor filme e cujo desenhista de som morreu recentemente, o que pode provocar uma indicação póstuma.
O Som do Silêncio
CAS + MPSE (3) + Bafta
Relatos do Mundo
CAS + MPSE (3) + Bafta
Greyhound
CAS + MPSE (2) + Bafta
Os 7 de Chicago
CAS + MPSE (2)
Mank
CAS + MPSE (1)
alternativa 1: O Céu da Meia-Noite
MPSE (2)
alternativa 2: Soul
CAS animação + MPSE (1) + Bafta
alternativa 3: Tenet
MPSE (2)
azarão: Nomadland
Bafta
EFEITOS VISUAIS
Última categoria de longa-metragem. Tenet e O Céu da Meia-Noite saem na frente com o apoio de três precursores. Welcome to Chechnya é uma indicação muito particular e, por isso mesmo, parece irresistível. E o efeito visual é bem essencial ao filme. Seria uma indicação histórica. Mank está aparecendo em todas as apostas e é um filme cheio de artfícios visuais e truncagens e está muito bem cotado em várias categorias. Mulan é uma indicação bem clássica aqui e é a Disney na categoria, a não ser que O Grande Ivan surpreenda, o que não é tão fora da casinha. Soul não é impossível, mas parece pouco provável.
minhas apostas
Tenet
VES + Bafta + Critics Choice
O Céu da Meia-Noite
VES + Bafta + Critics Choice
Welcome to Chechnya
VES
Mank
VES
Mulan
VES + Bafta
alternativa 1: O Grande Ivan
VES + Bafta
alternativa 2: Soul
VES
alternativa 3: Problemas Monstruosos
completam a shortlist: Aves de Rapina, Bloodshot.