Há muitos momentos de obra-prima neste engenhosíssimo novo filme, que retoma a personagem de Tony Leung Chi-Wai em Amor à Flor da Pele (2000), o escritor que se hospeda em frente ao quarto 2046. À medida em que somos apresentados, uma a uma, a cada uma das mulheres que vão passar pela vida do protagonista, a trama se desdobra e conhecemos também a história de ficção-científica paralela que ele escreve. Para apresentá-la, Kar-Wai se esforça para criar um belíssimo conjunto de camadas de tempo e espaço em que a ação se mistura e literatura e história se confundem.
A grande sacada é como o diretor utiliza essa estrutura em favor da própria narrativa. Nada soa gratuito. O resultado poderia ficar a um passo do equívoco, da predileção integral pela literatura, mas isso não acontece porque o cineasta é um amante da forma e consegue fazer não apenas uma fotografia belísissima em cores, filtros e enquadramentos, mas torná-la essencial para a concepção geral do filme. É ela que traduz a beleza das mulheres, a inquietação do protagonista, que dita o ambiente quase onírico imposto à ação, mas que também sabe se tornar realista quando o filme assim necessita. Fotografia que consegue ser mais bonita do que a do filme anterior. Que, por mais calculada que seja, consegue captar uma certa inocência das personagens.
2046 – Os Segredos do Amor
[2046, Wong Kar-Wai, 2004]
O trailer é bastante desanimador…
Vi ontem o “Reis e Rainha”. Achei legal, mas não uma obra-prima, e não sei se entra num top 10 de 2005…
olha, na primeira vez que vi, no Festival do Rio, achei bem decepcionante. revi na semana passada. achei obra-prima. o melhor filme dele, inclusive
Achei bem chato. Wong Kar-Wai anda me decepcionando muito, já que também odiei o curta no Eros. Ele está ficando over demais.
A Ana me disse.
Sobre “2046”, eu não sei o que aconteceria ao vê-lo uma segunda vez.