Todas as famílias são iguais, parecem bradar os diretores René Guerra e Juliana Vicente. O Olho e o Zarolho é uma tentativa de contemporeizar a discussão sobre as novas formas de relacionamento, partindo de um princípio simples: as dúvidas e questionamentos são os mesmos para todos. O filme, destaque do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, revela um amadurecimento do cinema brasileiro em tocar na questão. O maior mérito de René e Juliana é não contar a história pelo viés do espetáculo, mas abordar a poética do cotidiano, extrair o melodrama da banalidade. A dupla tem consciência do poder social de seu trabalho, concebido conscientemente num ambiente escolar, e termina por aumentar a força de seu discurso em imagens delicadas. Não existe uma busca pelo choque, não existe uma bandeira a levantar, o que de certa forma levanta a bandeira mais alto ainda.
A maneira como o “mundo comum” encara a homossexualidade já havia sido tema do primeiro trabalho do diretor, Os Sapatos de Aristeu, que acompanha uma travesti morta sendo preparada para o enterro por suas amigas e a consequente desconstrução dessa preparação pela família do personagem-título. O apuro visual veio com Quem Tem Medo de Cris Negão?, curta seguinte de René Guerra, mistura de documentário e ficção mais engajado, do qual este novo filme é uma espécie de herdeiro plástico. Sereno que só ele, O Olho e o Zarolho dá seu recado sem cobrar nada em troca, só um pouquinho de sensibilidade.
O Olho e o Zarolho ½
[O Olho e o Zarolho, René Guerra & Juliana Vicente, 2013]
Mostra Brasil 6
27/08 – Terça – 21:00 – Museu da Imagem e do Som
28/08 – Quarta – 17:30 – CineSESC
29/08 – Quinta – 15:00 – Centro Cultural São Paulo
Leia a entrevista de René Guerra aqui.
O Filme mostra com uma naturalidade linda como ficamos inseguros ao criarmos um filho sejamos heteros, homo , etc… aliás um filho lindamente interpretado pelo Pedro Goifman , eu amei!