Freddie Highmore cresceu, mas continua com a mesma expressão de bom menino dos filmes que o fizeram famoso. Ele foi um dos mais requisitados atores mirins da década passada. Contracenou com Johnny Depp em Em Busca da Terra do Nunca e A Fantástica Fábrica de Chocolate, deu voz ao protagonista de Arthur e os Minimoys e ainda estrelou O Som do Coração. De menino-prodígio, resolveu encarnar o jovem indie, numa tentativa de emplacar na idade adulta. Não que tenha dado muito certo.
Numa primeira impressão, A Arte da Conquista, direção do estreante Gavin Wiesen, é um resumão do que o cinema independente norte-americano tem feito nos últimos 100 anos. Losers solitários, incompreendidos, metidos em situações embaraçosas, ao som de melodias tristes. Difícil comprar Highmore como um protagonista adulto. Se quando era garoto ele convencia com seu perfil de adulto-mirim, agora crescido ele mais parece um moleque mentindo a idade para entrar na sessão de cinema.
E haja paciência para a melancolia de araque que o filme nos oferece. É como se o personagem principal fosse um suicida que tenta se matar de tanto ouvir Leonard Cohen ou cheirar flores raras guardadas em livros mofados. Se já era complicado acreditar na caricatura que o roteiro faz do pós-adolescente, mais difícil ainda é se convencer de sua “grande” descoberta interior. Não falta maturidade apenas ao protagonista. O texto parece não saber como manter sua débil proposta inicial. Os trejeitos independentes e personagens esquisitos saem de cena para dar lugar a uma novelinha de superação que nem ao menos conversa com a bobagem que se viu até ali.
Parece que acabaram as vagas no cinema independente. Pelo menos as boas.
A Arte da Conquista
[The Art of Getting By, Gavin Wiesen, 2001]