[as estratégias do autor]


Como em quase todos os filmes de Claude Chabrol, este aqui parece que vai desmoronar em seus primeiros minutos. A direção do francês geralmente nos apresenta uma história com tantas espaços vazios que o risco de não dar certo é freqüente. No entanto, basta passar mais algum tempo para lembrar que é justamente desta marca de Chabrol que eu gosto tanto. E as arestas são amarradas com precisão.

O caráter de investigação que o filme, a princípio, deveria ter é rapidamente substituído pelos ares da grande crônica social que o cineasta parece estar desenvolvendo nos últimos tempos. E, grande encenador que é, deixa logo claro que não está nem aí para o caso de corrupção que inspirou o filme. Seu objetivo está na manipulação dos atores em cena, na direção de diálogos, no confronto. Isabelle Huppert, sempre em forma, encarna com uma graça de metralhadora a juíza que desmonta seus oponentes-alvos. Chabrol tem um humor incomparável.

[a comédia do poder ]
direção: Claude Chabrol.
roteiro: Odile Barski e Claude Chabrol.
elenco: Isabelle Huppert, François Berléand, Patrick Bruel, Marilyne Canto, Robin Renucci, Thomas Chabrol, Jean-François Balmer, Pierre Vernier, Jacques Boudet, Philippe Duclos, Roger Dumas.
fotografia: Eduardo Serra. montagem: Monique Fardoulis. música: Matthieu Chabrol. desenho de produção: Françoise Benoît-Fresco. figurinos: Sandrine Bernard e Mic Cheminal. produção: Patrick Godeau. site oficial:
A Comédia do Poder. duração: 110 min. L’Ivresse du Pouvoir, França, 2006.

nas picapes: [rebel, rebel, david bowie]

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