A Gangue

Se ficarmos no clichê, A Gangue é uma monumental “experiência sensorial”. Afinal, qual foi a última vez que fizeram um filme de 132 minutos completamente “falado” em língua de sinais? A proposta parece assustadora, mas é exatamente disso que se trata o projeto: derrubar pré-conceitos. Nas primeiras imagens, o letreiro informa que o filme não trará legenda alguma para traduzir os gestos que os personagens do longa, principalmente garotos e garotas que moram numa espécie de internato para jovens surdos, fazem para se comunicar.

Ao espectador comum, é oferecida a experiência de ver o filme em condições semelhantes às que um deficiente auditivo assiste a um longa “normal”. Mas o que poderia se transformar num experimento típico de festival de cinema se revela um filme poderoso sobre jovens que raramente encontram “voz” numa Ucrânia dominada, nos mais variados níveis, pela corrupção.

O cineasta, que deve ser um fiel espectador dos filmes da vizinha Romênia, pega emprestado em seu primeiro longa-metragem, a maneira documental de contar uma história de ficção e cria um conceito estético que dá um ritmo surpreendente ao longa: cada cena é um plano-sequência comprido, mas cheio de movimento, geralmente com vários personagens interagindo. A fórmula funciona para capturar a atenção de quem assiste e ajuda a decodificar a linguagem de A Gangue.

É impossível decifrar cada diálogo, mas a história envolvente é desenhada sem grandes traumas. O sexo e a violência, que geraram bastante polêmica aparecem naturalmente na trama, completamente costurados ao desenrolar da ação. Mais do que a “experiência sensorial” que o filme vende, A Gangue é a prova de que o cinema ainda continua a driblar os limites da linguagem.

A Gangue EstrelinhaEstrelinhaEstrelinha½
[Plemya, Miroslav Slaboshpitsky, 2014]

Comentários

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4 comentários sobre “A Gangue”

  1. Não existe ninguém surdo -mudo. O termo correto é Surdo.
    Termo arcaico e pejorativo. O texto está com muitos erros em relação à cultura surda.

  2. Caro:
    o termo correto é LÍNGUA de sinais. É uma língua como qualquer outra: português, inglês, grego, espanhol, francês… Não é uma linguagem!

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