Um dos filme mais lindos da minha vida é O Marido da Cabeleireira (90), dirigido pelo francês Patrice Leconte. Talvez o mais belo filme sobre o amor. O cineasta nunca mais havia feito um filme à altura da grandeza deste pequeno clássico. Até dirigir este A Mulher e o Atirador de Facas (99), que só pude ver esta semana na TV. Vanessa Paradis e Daniel Auteil se encontram por acaso quando ela decide acabar com a vida e iniciam uma jornada nonsense, etérea, de beleza plástica e poesia. A liberdade que une (e separa) os dois personagens conduz todo o filme e gera uma riqueza narrativa que poucos filmes do cinema atual conseguem ter. A fotografia em preto-e-branco de Jean-Marie Dreujou é fundamental nesse caminho, ajudando a criar a aura do filme e ajuda a contar sua história. A ausência da cor revela nuances e liberta os olhos do espectador para as sensações. E A Mulher e o Atirador de Facas é, sobretudo, um filme de sensações. Onde o que está por trás dos personagens revela muito mais que os simples fatos. E você nunca sabe o que vai acontecer, o que é bem difícil hoje em dia.
A Mulher e o Atirador de Facas
[La Fille sur le Pont, Patrice Leconte, 1999]