Barbara

A Alemanha selecionou Barbara para representar o país na corrida ao Oscar de filme estrangeiro, ratificando a escolha do longa-metragem como o melhor do ano no prêmio nacional distribuído pelo German Film Award, no qual a produção concorreu em oito categorias. A decisão parecia correta já que o filme atenderia a várias expectativas da Academia: é um drama moral, tem forte conteúdo político e é executado com talento, embora seja bastante convencional. Mas não funcionou na prática: a Alemanha está fora da disputa deste ano.

O filme se passa no ano de 1980, quando a Alemanha ainda era dividida em duas. A protagonista é uma pediatra vivida pela atriz Nina Hoss, em sua quarta parceria com o diretor Christian Petzold. A personagem-título acaba de ser transferida para uma cidade do interior, punição por ter tentado tirar um visto para sair do lado oriental do país. Petzold ganhou o Urso de Prata de melhor direção no Festival de Berlim, prêmio burocrático para um filme que aposta numa dramaturgia clássica, sem ousadia, mas que comanda tudo com o talento de um bom operador.

O roteiro, também escrito pelo cineasta, segue as regras do conto moral, colocando a personagem contra a parede. De um lado, a possibilidade de deixar para trás a clausura de um país que a confina. Do outro, o senso de dever e a oportunidade de recomeçar. O maior acerto do cineasta talvez seja retratar o estado de vigília constante da personagem, sufocada numa rotina sem esperanças, mas, ao mesmo tempo, a maneira de reconstituir o que era a vida na Alemanha Oriental parece excessivamente sem emoção.

Numa associação direta – e talvez simplista demais – Barbara, a personagem, adota a frieza de seu lado profissional como modo de tratar quem a cerca. Nina Hoss assume a postura de sua personagem como modelo de interpretação, o que a leva para um lugar-comum incômodo. A gelidez de médica é quebrada na relação de Barbara com os pacientes. Uma transformação que permite que a personagem principal enxergue com outros olhos sua condição de “prisioneira” e, consequentemente, sua vida como eterna suspeita.

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[Barbara, Chritian Petzold, 2012]

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