BEIJE QUEM VOCÊ QUISER

Uma das maiores vantagens deste filme é seu elenco. O mérito deve ser dado ao diretor Michel Blanc, cujo prestígio conseguiu agregar, além da mulher Carole Bouquet, nomes como o da maravilhosa e veterana Charlotte Rampling e o da nova e festejada Karin Viard. Sobrou justamente para Blanc o papel mais chatinho do longa, o de um marido quase esquizofrênico que não consegue conter seus ciúmes. Construído nos moldes de um Short Cuts, onde as histórias particulares de cinco casais se entrecortam, o filme embarca nas paranóias pessoais de cada personagem: solidão, insegurança, culpa, medo, compulsão. Na maior parte do tempo, Blanc é feliz ao equilibrar seu roteiro entre a comédia farta e o drama inteligente, sem pretensões intelectuais, o que já é um ponto forte em se tratando de um filme francês. Karin Viard dá seu show particular, mas o personagem de seu marido (o melhor do filme), vivido por um discreto e perfeito Denis Podalydès, merecia um desfecho tão elaborado quanto sua apresentação. Clotilde Courau é um misto de ingenuidade e disfarçatez. Charlotte Rampling ganha talve o o beijo mais doce de sua carreira numa belíssima e curta cena. Ruim foi ter que fingir acreditar no texto fraco de Jacques Dutronc e sua relação Traídos pelo Desejo, só porque Michel Blanc queria garantir a cota mínima. A reunião final parece forçada – coisa de quem teve preguiça de pensar um pouco mais. Absolutamente fake. Mas o saldo é positivo.

P.S.: este filme integra uma mostra de cinema francês que passa por Salvador e percorre o país.

Beije Quem Você Quiser
Embrassez Qui Vous Voudrez, Brasil, 2003
Direção e Roteiro: Michel Blanc, com base no livro Summer Things, de Joseph Connolly.
Elenco:Charlotte Rampling, Jacques Dutronc, Carole Bouquet, Michel Blanc, Karin Viard, Denis Podalydès, Clotilde Courau, Vincent Elbaz, Lou Doillon, Sami Bouajila, Gaspard Ulliel, Mélanie Laurent, Mathieu Boujenah, Mickaël Dolmen, Barbara Kelsch.
Produção: Yves Marmion. Fotografia: Sean Bobbitt. Edição: Maryline Monthieux. Direção e Arte: Benoît Barouh. Figurinos: Olivier Bériot. Música: Mark Russell.

Comentários

comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *