Durante alguns anos, Christophe Honoré parecia ser o fiel depositário das heranças de dois grandes cineastas franceses, François Truffaut e Jacques Demy. Do primeiro, Honoré parecia ter ter herdado uma liberdade romântica que emprestava a seus personagens. Do segundo, o gosto pela cor e a exaltação da música. De ambos, Honoré seria o herdeiro de uma melodia que servia de motor para seus filmes.
O romance entre Honoré e este projeto de cinema durou por três trabalhos: Em Paris, Canções de Amor e A Bela Junie, pérolas de um cinema francês popular. Mas em seus dois longas seguintes, o cineasta resolveu mudar radicalmente de estilo, ficando mais seco e ora documental, flertando inclusive com o cinema pornô.
Os filmes não tiveram grande repercussão e Honoré voltou a sua zona de conforto. Bem-Amadas é uma tentativa de retomar o gênero que ele havia consagrado. Tentativa frustrada porque o longa parece um eco distante de seus melhores trabalhos. Nem as cores, nem a música, nem o elenco estelar conseguem dar substância ao material. O roteiro parece uma colagem que nunca se completa.
A ação acontece em dois tempos, que mostram a juventude e a maioridade da personagem Madeleine, interpretada por Ludivine Sagnier e Catherine Deneuve. O destaque está todo no ato que acontece no passado, mais coeso e integrado ao espírito que o filme tenta emplacar. No segundo, em que Catherine contracena com a filha, Chiara Mastroianni, Honoré tentar relativizar sua brincadeira e o resultado é morno.
O filme inteiro, por sinal, passa esssa sensação de banho-maria, de nunca mergulhar de verdade na ideia do projeto. Mesmo as canções do geralmente competente Alex Beaupin, que compôs algumas obras-primas para os filmes anteriores de Honoré, conseguem empolgar. O descompasso arrasta o filme até o desinteresse.
A obessão do diretor por Chiara Mastroianni extrai da atriz uma boa interpretação, que se perde no roteiro desigual. A participação de Milos Forman, num claro relaxamento com a verossimilhança do personagem, é simpática, mas deixa clara a natureza meramente afetiva. Honoré ainda é muito feliz em filmar as ruas de Paris, que ele transforma na vizinhança do espectador. Mais do que isso, ele não consegue.
Bem-Amadas
[Les Bien-Aimés, Christophe Honoré, 2011]
Até que enfim acabou com esse egoísmo de não dividir mais suas opiniões conosco 🙂 Tá lindão o blog!
Com você eu divido quase todo dia, Michel!
Boa escolha do banner.
incrível, tema pesado, filme maravilhoso.
Adorei que v tem um novo blog.
Vou ver esse filme hoje, que pena que não é tão bom quanto os 3.
Bem-vinda, Eliana.